*Monique Ferreira Monteiro Beltrão.
RESUMO
A escola de
pais é um instrumento que permite reafirmar e reprogramar as funções dos pais e
da escola no desenvolvimento dos filhos/alunos e orientá-los a partir dos conhecimentos
fornecidos e vivenciados através dos vários encontros. Será necessário
compreender a instituição familiar, por ser a primeira célula social do ser
humano, responsável por suas primeiras interações no mundo. A escola é quem
fornece continuidade a esse processo educativo, porém, de modo formal, com
conteúdos organizados e sistematizados, visando ao desenvolvimento do cidadão.
Atualmente, as complexas transformações sociais, políticas, econômicas e
culturais, decorrentes do impacto tecnológico provocaram diversas mudanças na
dinâmica familiar e estas são trazidas ao ambiente escolar. A fim de
proporcionar uma melhora nestas relações entre escola e família, surge a
necessidade de esses educadores conhecerem o desenvolvimento humano – as
necessidades e as dificuldades de cada faixa etária. Deveremos esclarecer a
respeito das dificuldades no espaço
escolar, proporcionando um meio de reflexão às questões difíceis em termos de
relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos. Os resultados
alcançados conseguirão atingir os objetivos, pois toda transformação quando
almejada e estruturada é capaz de anunciar soluções eficazes e efetivas, mesmo
que seja em uma pequena população, a iniciar pela Escola.
Palavras Chave: Pais, Escola e Participação.
INTRODUÇÃO
A escola de pais é um tema atual, relevante e importante, pois a família, por
ser a primeira forma de socialização do indivíduo, contribuirá para que haja
excelência na aprendizagem de todos e maior autonomia da criança, jovem. Com este
trabalho é possível orientar e informar os pais dos alunos, a fim de que
filhos/alunos possam desenvolver efetiva aprendizagem. Além de contemplar a
interação entre a família e a escola.
Segundo Domingues
(1998, p. 68)
“a escola é o lugar privilegiado
que permite o acesso aos produtos da cultura humana”
É no espaço escolar, que se pode realizar as profundas
ações do saber e a partir dos conhecimentos fornecidos pela Pedagogia pôde-se
entender o desenvolvimento humano, a importância da família e da escola,
questões de identidade, as relações criança-adulto, criança-criança e
educador-pais. A escola é o espaço central deste trabalho e o principal objeto
de pesquisa, que ameniza o espaço escolar. Este estudo e trabalho nos ajuda a
crescer e a fazer alguém crescer.
Desde os primórdios, a família apresenta-se como a
primeira célula social responsável por apresentar o mundo à criança, por ser o
primeiro centro de convivência conjunta, sendo sua principal incumbência a
tarefa de formar, de apresentar, enfim, de educar.
A família, apresenta um papel importante no
desenvolvimento do filho, pois é o primeiro grupo social do ser humano,
responsável por suas primeiras interações no mundo. No entanto, Guzzo (1990, p.
135) afirma que:
“a família tem delegado cada vez mais às
escolas, a tarefa de formar, esperam respostas aos seus problemas e buscam
soluções junto aos elementos da escola”.
Diante desta situação, quais são as possíveis
contribuições que os profissionais da área de Pedagogia podem oferecer? Já que
este cenário é uma problemática que vem contaminando, cada vez mais, diversas
escolas brasileiras, fazendo com que os alunos tenham dificuldade em
desenvolver o interesse pela aprendizagem na sala de aula, principalmente pela
leitura e escrita, sendo estes, recursos indispensáveis na construção do
pensamento crítico, onde o jovem torna-se cidadão de verdade e pode expressar
sua cidadania de fato e com veracidade da sua vivência e juventude.
Estas complexas mudanças nos quadros sociais,
político, econômico e cultural influenciam diretamente a dinâmica da vida
familiar, já que o modelo de família nuclear vem sendo substituído por uma
drástica diminuição no número de integrantes da família, sendo esta, hoje em
dia, ora como unipessoal, ora chefiada por mulheres, “necessitando de inúmeros
arranjos para a criação de seus filhos”, deste modo, as crianças ficam sem o
respaldo familiar e o ajuste necessário advindo da família para acrescentar ao
seu comportamento social e conduta para a escola.
Este contexto tem influenciado diretamente na
estrutura e organização da família e da comunidade. Com isso, a família tem
delegado sua responsabilidade de formar e educar às escolas; seja por
insegurança, por falta de disponibilidade ou interesse, os pais estão
furtando-se de contatos mais planejados com seus filhos, ausentando-se do
“diálogo, da disponibilidade e da solidariedade, os quais garantiam vínculos
mais eficazes para a formação do desenvolvimento intelectual e para a resolução
de conflitos”; assumindo uma posição passiva perante a educação dos filhos
(GUZZO, 1990, p. 135).
A família e a escola devem apresentar objetivos
comuns e integrados, capazes de desenvolverem a aliança educacional. Desta
forma, estará contribuindo na possível formação de uma identidade saudável do aluno,
visto que a incumbência primária da escola é desenvolver a competência
intelectual, formando o aluno para a profissionalização e ao exercício da
cidadania; enquanto a família tem por finalidade assegurar o desenvolvimento
das diversas habilidades humanas. Formando gente para o mundo.
Guzzo
(1990, p. 135) acredita que:
“o envolvimento de pais em programas
educacionais de suas crianças vem sendo considerado como uma variável relevante
e facilitadora do desenvolvimento infantil”.
O desenvolvimento, por sua vez, ocasiona mudanças
físicas, neurológicas, cognitivas, afetivas e comportamentais que ocorrem de
maneira ordenada e são relativamente duradouras, por conseguinte, os fatores
ambientais em consonância aos fatores biológicos influenciam diretamente no
comportamento infantil. Portanto, o ambiente: seja familiar ou escolar,
interfere ativamente na qualidade do processo de aprendizagem do aluno.
Este tipo de envolvimento é capaz de maximizar o
trabalho realizado pelos pais e professores, podendo gerar comportamentos
adequados em relação ao exercício de algumas de suas atribuições e uma maior
sensibilização em relação à importância do papel a eles designado pela
sociedade. Em vista disso, a Escola de Pais parte da premissa bibliográfica
para ir ao encontro da realidade educacional, para melhorá-la e afiná-la junto
com suas pretensões e ações para melhor convivência social.
Organizamos em quatro partes. A primeira retrata os
procedimentos metodológicos utilizados para a elaboração dessa pesquisa,
apontando o material, os instrumentos, a abordagem metodológica, a
caracterização da Unidade Escolar contemplada com a realização desse trabalho
frente a comunidade, a delimitação do público-alvo, o reconhecimento das
dificuldades escolares, o meio de reflexão utilizado para discutir as questões difíceis
em termos de relacionamento da escola e a forma de integração dos pais no âmbito
escolar dos filhos. Já na segunda parte será possível esclarecer os resultados encontrados
com a realização desse trabalho e logo após, na terceira parte promovemos a
discussão dos resultados com a reflexão e os estudos de casos diversos com as
soluções fatídicas e necessárias para a construção de um novo olhar social
sobre a criança, jovem e aluno.
Mediante esta discussão relatamos a importância
deste estudo e o objeto/problema de análise, que são as jovens, crianças e
alunos e sua formal convivência e adequação com o grupo e suas diferenças e
formalidades advindas da casa e das suas vivências cotidianas.
Na quarta parte, proporcionar um meio de reflexão
as questões difíceis em termos de relacionamento da escola com a família e
integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, nossos alunos.
OBJETIVOS
Geral:
Reconhecer as dificuldades no espaço escolar,
proporcionando um meio de reflexão às questões nevrálgicas em termos de
relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos
cotidianamente e através das reflexões e ações pertinentes ao bom andamento
social deste aluno e filho.
Específicos:
- Integrar escola e família,
-Estimular a família a acompanhar o desenvolvimento
da aprendizagem do aluno,
-Dotar a família de conhecimentos teóricos -
práticos capazes de subsidiar o acompanhamento escolar do aluno,
-Envolver os pais em atividades de aprendizagem em
casa,
-Levar a família a compreender melhor o
desenvolvimento da criança e do adolescente,
-Desenvolver afetividade,
-Conscientizar os pais de seu papel de educadores,
-Aproximar a família da escola.
Público Alvo:
Pais e/ou
Responsáveis. Professores.
Cronograma:
Durante
todo o ano letivo
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para efetivo desenvolvimento do projeto Escola de
pais se faz necessário planejar cada parte. Totalizando, o planejamento
envolveu quatro momentos decisivos:
1) escolher
o material e os instrumentos do trabalho;
2) fundamentar a abordagem metodológica,
3) eleger a unidade escolar, caracterizá-la ,
delimitar o público-alvo e assim, reconhecer as dificuldades no espaço escolar
4) proporcionar um meio de reflexão as questões
nevrálgicas em termos de relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito
escolar dos filhos, dialogando a respeito dos fazeres e pontuando questões
significativas para o bem estar pedagógico e familiar.
2.1 Primeira etapa: Relatar os
procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho, frente a comunidade e
público alvo.
Os assuntos pertinentes e levantados neste trabalho
foram coletados a partir de diversas fontes, relatos de professores, reuniões
específicas e sistemáticas com o grupo de professores e nas reuniões de pais. O
convívio e acompanhamento diário das crianças mostra exatamente o que temos, o
que precisamos e onde poderemos chegar com elas e as famílias. Os registros
escolares também foram nosso alvo. , os quais compõem a cultura da instituição,
como documentos (Regimento Escolar e Proposta Político Pedagógica), diários de
classe de professores e livro de ocorrência e de reuniões pedagógicas. Conteúdos
abordados, tendo em vista o caráter científico e que possam ser desenvolvidos
na prática, junto com cada dia, passo a passo.
Os instrumentos que subsidiaram este projeto também
partiram de : observação e conversas aberta. Esses recursos foram utilizados
como elementos norteadores do meio de reflexão proporcionado ao tripé
educacional (pais, filhos e professores). Entende-se que a observação é muito
importante nesse contexto, já que muitas vezes, os conteúdos dos documentos
legais da escola e as falas dos profissionais pertencentes a esta instituição
possam explicar diversas situações, porém, nem sempre são aplicados na prática
de modo efetivo.
Serão observados: o funcionamento da escola, sua
organização e as relações entre professor-alunos-pais-direção-comunidade.
Acontecendo desde a entrada até a saída das crianças/alunos.
2.2 Segunda
etapa: Fundamentar a abordagem metodológica.
Para nortear este trabalho será utilizado como
método de abordagem a metodologia, uma vez que por meio deste instrumento foi
possível explorar os aspectos subjetivos dos pais, principalmente suas
histórias de vida. Afinal, ao compreender suas próprias experiências foram
capazes de entender efetivamente as experiências do outro, já que “o homem
sonha-se a si mesmo e, assim, inventa-se sempre outro”; favorecendo, portanto,
na assimilação dos conhecimentos a serem emitidos acerca do desenvolvimento
humano e seus professores.
“O método da
explicação e do conhecimento específico, permite que o indivíduo reconheça de
forma consciente as etapas processuais pelas quais passou e de que forma as
absorveu para si [...]”. Desta forma, os sujeitos envolvidos neste trabalho
foram capazes de compreender suas experiências, verificar suas dificuldades e
suas facilidades enquanto filhos, para conseguir construir um novo modelo
educativo informal, saindo da posição de status quo, ou melhor, dos paradigmas
envolvidos na educação de seus pais, para contemplar seus filhos com uma
educação mais humana, lúcida e eficaz. Portanto, “o método permite que cada
pessoa identifique na sua própria história de vida aquilo que foi realmente
formador”
Essa abordagem metodológica dialoga diretamente com
o conteúdo abordado no projeto “Escola de pais”, ou seja, a Psicologia do
Desenvolvimento.
O próprio termo Psicologia surgiu da junção de duas palavras gregas, o que
significa estudo da alma, pois para Platão, discípulo de Sócrates, a alma é o
bem mais divino e pessoal de todos os bens humanos [...] Se dirige para o
autoconhecimento, para a interioridade, pois conhecendo-se a si mesmo, o homem
pode conhecer melhor o mundo (BENITEZ, 2007b, p. 105).
Tanto esse método quanto a Psicologia exploram os conteúdos
subjetivos de cada indivíduo, favorecendo melhor assimilação das informações a
serem emitidas, pois cada indivíduo reconhece em si aquilo que foi
transformador.
Nesta etapa, os pais/responsáveis são colocados a
fazerem parte do projeto sendo mediadores das suas práticas e dialogando com o
grupo a partir das suas experiências e conversas sobre si, sua forma de educar
e a sua própria presença na família.
2.3 Terceira etapa: Eleger a
Unidade Escola, delimitação do público-alvo e reconhecimento das dificuldades
escolares
A Unidade Escolar contemplada para o
desenvolvimento do programa Escola para pais está localizada no município de
Vila Velha – E.S. É uma escola ampla, limpa, organizada e valorizada nesta
cidade, possui oito salas de aula no andar superior, enquanto no térreo, temos
uma sala o pátio, o refeitório, a sala dos professores, da direção, secretaria e
alguns banheiros.
É necessário que a escola possua um projeto
político pedagógico que exerça a gestão democrática participativa e que seja
acolhedor, para que haja o envolvimento de todas as pessoas numa direção
unânime e eficaz. Os professores devem possuir a prática de elaborar o seu
plano de ensino, direcionando assim a sua disciplina, os seus conteúdos e
afazeres.
O projeto institucional atende a comunidade acadêmica
e as crianças em suas turmas e por consequência também desencadeia subprojetos
personalizados em suas turmas que deverão ser trabalhados e tratados durante
todo o ano letivo, contemplando sua vivência em todas as festas da escola,
levando os alunos a entenderem o processo acadêmico a partir de um ponto de
vista lúdico e prazeroso.
Os pais dos nossos alunos, são os elementos chave
para uma melhor adequação e sentido para a vida escolar dos nossos alunos e
nossas crianças. Percebemos que partindo deles, focamos mais e melhor no
processo de ensino aprendizagem, construindo bons relacionamentos, vivências
positivas e encontros pedagógicos proveitosos. Os pais são o nosso apoio e na
realidade a mola mestra para o sucesso dos nossos alunos e nossas crianças.
Por meio de vários diálogos e observações
realizadas, registrou-se que com as famílias diante da escola, sendo orientadas
e ouvidas, as crianças seriam melhores e alcançadas para um futuro melhor. A
escola deixa de ser apenas um veículo de conhecimento, mas passa a ser também
um ponto de apoio e sucesso para este conhecimento.
2.4 Quarta etapa: proporcionar um
meio de reflexão as questões nevrálgicas em termos de relacionamento da escola
e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, dialogando a respeito dos
fazeres e pontuando questões significativas para o bem estar pedagógico e
familiar.
O meio de reflexão proposto para solucionar a
problemática de comportamento indisciplinar dos alunos foi a Escola de pais,
pois os professores relatam que “não sabem mais o que fazer”, bem como a
direção escolar e o pedagogo. Com esse estudo, acreditam que além de integrar
os pais no âmbito escolar dos filhos, contribuiria numa educação informal mais
eficaz.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desde os primórdios, a família apresenta-se como a
primeira célula social responsável por apresentar o mundo à criança, por ser o
primeiro centro de convivência conjunta, sendo sua principal incumbência a
tarefa de formar, de apresentar, enfim, de educar. Visto que “educar significa
promover, assegurar o desenvolvimento de capacidades, tanto físicas quanto
intelectuais e morais. E, de uma maneira geral, vem sendo assegurada, como de
responsabilidade dos pais”.
É inegável a influência e participação desta
instituição no desenvolvimento da criança desde o seu nascimento, portanto,
torna-se responsável pela construção da personalidade da mesma. No entanto,
esta educação ocorre de modo informal e assistemático em seu processo
ensino-aprendizagem. Diante de tantas incumbências, a família é o meio
fundamental e precioso na vida de qualquer ser humano.
Já a instituição escolar surge na vida do sujeito
com conhecimentos organizados e sistematizados para fornecer continuidade nesse
processo educativo, o que permite apontar uma educação formal. Em suas diversas
incumbências, a instituição escolar apresenta como uma de suas finalidades
principais a orientação de diretrizes capazes de desenvolver o educando
enquanto indivíduo apto ao exercício da cidadania, rumo à autonomia e ao pensamento
crítico, sendo, portanto, um ser capaz de transformar sua realidade.
Ao entrar em contato com a educação formal, a
criança irá ampliar sua rede de contato social, bem como a percepção de mundo e
desenvolver suas potencialidades intelectuais, morais e lapidar seus afetos.
Para tanto, a escola tem como desafio descobrir o momento exato da
aprendizagem, por meio de estratégias, ideias, atitudes, enfim, relevar em sua
ação pedagógica que aprender é uma atividade cognitiva e social, portanto
abarca trocas afetivas inter-psiquícas. Logo, o sucesso da prática pedagógica
envolve a compreensão da ação de todos os sujeitos envolvidos internamente
quanto externamente, ampliando e favorecendo a construção de conhecimento na
escola.
Nesse sentido, o processo de aprendizagem e suas
interações com o ensino têm sido alvo de inúmeros estudos e avanços das mais
variadas áreas em busca de sua compreensão, por meio de contextualizações
acerca das relações sociais estabelecidas na comunidade escolar.
É no espaço escolar, portanto, que se podem
realizar as fecundas ações do conhecer, instrumentalizar-se, cada vez mais, e
quebrar a resistência a difusão do conhecimento. Por isso, o projeto Escola de
pais, foi realizado no âmbito escolar.
Tendo em vista essa aliança e os efeitos benéficos
que a mesma produz a aprendizagem dos alunos, retratamos que a inserção dos
pais na vida escolar dos filhos, provoca excelentes resultados na aprendizagem,
pois o envolvimento deles nos programas educacionais dos filhos, tem sido
considerado uma variável relevante e facilitadora do desenvolvimento infantil.
Cientistas do comportamento humano revelam que este envolvimento, “produziu
melhorias acadêmicas das crianças, melhorou a qualidade das relações
interpessoais entre pais e filhos e aumentou a eficiência dos programas
educacionais”, resultando na melhoria da coesão familiar e enriquecimento de
suas relações (GUZZO, 1990, p. 135).
Percebemos que as dificuldades dos alunos estão
reveladas pelas formas de relacionamentos observadas, tanto na expressão verbal
e não verbal quanto em atitudes específicas para com os professores, bem como
com a direção. Estas dificuldades de relacionamento também são expostas pelos
seus pais perante o mesmo público (professores e a direção), pois quando
procurados, nas reuniões de pais, para resolverem as questões do comportamento
indisciplinar dos filhos se mobilizam e não resolvem: choram, expressam
sensibilidade negativa, se irritam, se culpabilizam, ou ao professor ou à
direção. É nítida a dificuldade e a
incapacidade que tanto a escola quanto a família possuem para resolverem este
problema de relacionamentos. É devido a esta dificuldade e incapacidade que
surgiu uma solução: o desenvolvimento do projeto Escola de pais, visando
reconhecer as dificuldades dos alunos e crianças, em termos de seus
relacionamentos com os professores, colegas e autoridade, bem como reconhecer suas
dificuldades e de suas famílias na criação e dia a dia em casa. Reconhecer
estas dificuldades é o ponto alto do trabalho, proporcionando um meio de
reflexão acerca das questões polêmicas em termos do relacionamento na escola, a
partir dos conhecimentos fornecidos por causa da história. E, como resultado,
integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, buscando melhores condições de
relacionamento a partir de encontros permanentes com os mesmos.
Inicialmente, a ideia do trabalho servirá para
elevar a qualidade dos relacionamentos entre: alunos, professores e pais, já
nos traz alívio e boas perspectivas futurísticas para a escola. Por isso, o
público-alvo do programa de estudos são os pais. O desenvolvimento do projeto
totalizará cinco encontros sistematizados no ano, constando uma hora e vinte
minutos cada um aproximadamente.
Para tanto, os pais serão convidados por meio da
reunião pedagógica promovida na escola e receberam orientações sobre o projeto
Escola.
Planejamos cinco encontros iniciais como forma de
intervenção e conhecimento para todos de todo o processo. Precisamos conhecer
os pais, mães, responsáveis e as famílias, para iniciarmos todo o processo.
Um ponto importante que cabe ressaltar é a aliança
entre família-escola. Verifica-se que muitas escolas atualmente, ainda
apresentam uma postura remota de funcionamento, pois conforme Nogueira (1998)
apresenta em seus estudos, antigamente, as relações entre família e escola eram
muito reduzidas, pois os pais não frequentavam a instituição escolar dos filhos
com tanta frequência, devido à falta de abertura em relação à escola. Com o
tempo, esta relação foi se fortalecendo e tornando-se cada vez mais intensa,
visto que a escola apresentava-se como espaço restrito à entrada da família e
vice-versa, tanto o âmbito escolar, quanto familiar eram fechados cada um para
si. No entanto, este cenário mudou, pois hoje em dia, pais e educadores
realizam trocas, ou seja, há uma relação aberta entre ambos os grupos. Assim
sendo, será que existe essa abertura em todas as escolas brasileiras? Cabe
repensar e analisar quais instituições realmente estão dispostas a mudança.
Outro ponto importante, conforme Guzzo (1990)
aponta em sua pesquisa, é que o sistema educacional apresenta algumas carências
que são responsáveis pela falência de programas de interação entre família e
escola, dentre as insuficiências apontadas pelo sistema é visível a falta de
técnicos especializados para promover a integração família-escola de maneira
que facilite o desenvolvimento geral dos alunos; a heterogenia de valores, e
níveis socioeconômico e cultural de pais e professores, aborta a existência de
qualquer iniciativa neste sentido.
Dessa forma, Andrade e Ribeiro (2004) esclarecem
que os métodos escolares são insuficientes a realidade brasileira. A
escolarização bem sucedida depende do apoio da família, atitudes e intervenções
práticas voltadas a sistemática da interação família-escola, por isso os pais
devem conhecer a gestão e o currículo escolar. Em outras palavras, Gentile
(2006) esclarece que para o sucesso da parceria escola e família, alguns
cuidados devem ser tomados tanto em relação à escola como em relação à família,
portanto, a família deve conhecer a proposta pedagógica da escola, a escola por
sua vez, deve explicar os conteúdos a serem ensinados e informar sobre os
projetos didáticos, questionando a contribuição da influencia de cada família
na escola. Durante sua rotina, tal instituição deve convidar os pais para
organizar eventos, palestras, debates e informá-los a respeito das mudanças na
escola. Em algum momento do Projeto Escola de pais, serão ministradas
discussões sobre casos oportunos e interessantes que ocorreram nas relações
cotidianas. Esses casos devem ter reflexões e motivos para associá-los as
relações entre escola e família.
Contudo, ao final do projeto anual “Escola de
pais”, pretendemos que todos os participantes consigam identificar e valorizar
o programa de estudos e solicitem a continuação do mesmo.
O trabalho realizado por Lima e outros autores
(2001) comprovam a eficácia do programa “Escola de pais”, já que relatam
resultados excelentes em suas pesquisas. Possui resultados extraordinários,
pois os objetivos alcançados mostraram que é possível cumprir o principal
objetivo deste trabalho, visto que reconheceu as dificuldades no espaço
escolar, proporcionar um meio de reflexão às questões difíceis em termos de
relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos. Em
vista disso, a Escola de pais é um programa que alcança os resultados
almejados, porém nem sempre é possível aplicar todo o conteúdo planejado na
prática. Pois a escola possui movimento e tempos próprios.
A escola precisa aderir ao projeto e não apenas
fornecer o espaço e a carga horária. O comprometimento deve ser crucial e
importante, a ponto de criar vínculos e novas expectativas para uma construção
de um novo olhar sempre novo e com novas possibilidades de reflexão. A escola
precisa entender o projeto e agregar valor afetivo, social e educacional.
Vislumbraremos
assim os bons resultados encontrados com este projeto e verificaremos
modificações no comportamento e conduta dos pais, os quais deixarão explícitos
em todos os encontros sua avaliação e seu entendimento sobre o processo. Os
pais precisam se ver de novo na “pele” dos seus filhos nas situações presentes.
A escola de pais veio para calçar o que estava em falta na dinâmica escolar,
quanto do ponto de vista afetivo, moral e intelectual, e dará certo, pois os
participantes manifestarão a importância de estarem num processo de reciclagem/atualização,
já que sempre estamos reorganizando e reaprendendo novas formas de ver o mundo,
isto significa que enfatizarão a pretensão na mudança de suas condutas,
enquanto pais. Concluímos que “quem acredita, sempre alcança”, já que toda
mudança quando almejada, planejada e estruturada é capaz de fazer acontecer,
provocar e elucidar soluções irradiantes, mesmo que seja em uma pequena
população.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O entrelaçamento dos fatos retrata que foi possível
emitir as informações sobre o desenvolvimento do sujeito, e provocar a
reflexão, o reconhecimento e a interação, num único objetivo: conhecendo melhor
a si mesmo, somos capazes de conhecer melhor o mundo e desta forma,
proporcionar aos nossos filhos uma educação com mais qualidade, por intermédio
da Escola de pais.
Com o trabalho realizado, pode-se compreender que a Escola de
pais se faz necessária tanto durante a educação formal, quanto informal da
criança e jovem,, tendo em vista que este tipo de estudo e trabalho, permite
que os pais sejam capazes de lidar melhor com seus filhos, compreendendo suas
necessidades e dificuldades básicas em cada faixa etária. Assim, o projeto
direcionará a um olhar amplo perante o ato de educar. E os professores podem
contribuir com a apreciação da interação com o outro, estimulando efetiva troca
de subjetividade, deixando de lado uma educação centrada na figura do professor,
mas tornando o aluno, sujeito das emoções e dos fazeres.
Após o estudo da organização familiar, Guzzo (1990)
nos remete a uma reflexão sobre a compreensão de que, cada vez mais, tal
instituição tem dividido a tarefa de educar à escola e esta, por sua vez,
muitas vezes, não está conseguindo assumir tal responsabilidade sozinha. Fato
constatado por Áries (1975) quando descreve que a família medieval já
apresentava este comportamento, e que muitas famílias defendiam a ideia de que
a educação era mais eficaz quando ministrada em casa.
Rizzini (2002) apontou alguns fatores que levariam
as famílias a delegarem suas responsabilidades de educar à escola, entre estes
se pode citar: complexas mudanças nos quadros sociais, políticos, econômicos e
culturais, sendo estas: famílias frequentemente chefiadas por mulheres,
necessitando de inúmeros arranjos para a criação de seus filhos, pois, neste
quadro, pinta-se a entrada cada vez maior da mulher no mercado de trabalho,
que, geralmente, são muito distantes de suas casas, levando as crianças permanecerem
mais tempo, sem a presença dos pais. Outro ponto a destacar é: além de a
família urbana ser menor, e caracterizada pela alta mobilidade, ela nem sempre
tem com quem contar para mediar seus conflitos, e para compartilhar a criação
dos filhos.
Desse modo, apontam-se algumas alternativas para o
apoio à família, calcado na potencialização de seus papéis, fortalecendo elos
familiares e as possíveis redes sociais de apoio, que possam contribuir para a
formação, criação e educação de seus filhos.
A Escola de pais chega para minimizar problemas e
contrastes sociais, manifestando-se como fonte de abrigo e de contato entre a
escola, suas necessidades e os pais e suas famílias. Colabora para a formação
de um elo e proporciona parceria e aconchego. Favorecendo a vida do sujeito nas
suas relações cotidianas e vivências e aprendizagens.
Concluímos que, mesmo diante das diversas
problemáticas, a Escola de pais aparece como recuso indispensável na integração
entre a escola e a família, repaginando esta interação, pois os pais tendo
orientações sobre o desenvolvimento do filho conseguirão compreender suas
necessidades e dificuldades em cada etapa, possibilitando a construção de uma
identidade saudável e completa ao mesmo tempo. Esperamos concretizar este
projeto em toda Escola para que pelo menos alguns dos problemas entre os
relacionamentos sejam sanados. Aguardamos respaldo.
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*Monique
Ferreira Monteiro Beltrão – Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Direito
Educacional, Mestra em Educação e Psicologia e Doutora em Educação. Autora de
Livros. Pedagoga Escolar, Professora Universitária e Consultora Pedagógica.