segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Felicidades no Ano novo!

Feliz 2013!

Que o Senhor Deus possa partilhar de cada momento nosso e dos nossos sonhos nos trazendo a sua realidade e a sua graça. Felicidades e um ano novo cada dia melhor.... Que sejam bem vindas as possibilidades! Paz!

Monique Beltrão.

domingo, 21 de outubro de 2012

Filme: Como estrelas na terra, toda criança é especial

Por CLAUDIA PERROTTA
Antes mesmo de seu início propriamente dito, nas cenas que precedem a ficha técnica, o filme indiano “Como estrelas na terra, toda criança é especial” apresenta sua temática. Em um ritmo cada vez mais frenético, combinado com a sirene de fundo musical, uma lousa de sala de aula vai sendo preenchida por números e letras misturados aleatoriamente, enquanto, diante dela, professoras típicas evocam os nomes de seus alunos e “cantam” suas notas. A grande maioria, pelo bom desempenho, ganha como reforço positivo um sorriso de satisfação das professorinhas; apenas um garoto, Ishaan, recebe de volta a mesma expressão de desesperança e decepção. É sempre o pior da classe. Então, quando a lousa se torna apenas um bloco branco repleto de rabiscos e símbolos ininteligíveis, faz-se silêncio, e nosso olhar pode finalmente ter algum descanso na imagem de um pequeno lago. À beira dele, o protagonista Ishaan contempla os peixinhos, e, concentrado, se prepara para caçá-los com uma técnica precisa, que, certamente, foi desenvolvida ao longo do tempo dedicado à atividade. Mas esse descanso dura pouco; logo é interrompido por um adulto que o chacoalha irritado, reclamando do fato de Ishaan sempre atrasar a todos na ida à escola de ônibus.
O filme tem início, e vamos sendo apresentados ao cotidiano escolar e doméstico desse garotinho feliz, de 8 anos de idade. A temática do contraste de tempos vai então sendo enfocada de diversas formas, em vários momentos e situações. Em uma das muitas cenas de sala de aula, em vez de se ater ao conteúdo das matérias e à fala enérgica e ininterrupta da professora, cobrando e avaliando desempenhos da forma mais tradicional e retrógrada possível, o saudável Ishaan busca alguma salvação na janela, contemplando a forma como os pneus das bicicletas passam em uma poça d’água barrenta. Logo, obviamente, recebe a bronca esperada, que, invariavelmente é acompanhada de humilhações, ou pelos outros alunos, que se divertem à custa do coleguinha, ou pelos próprios professores, que ignoram as “dificuldades” de aprendizagem de Ishaan, qualificando-o de engraçadinho, sem-vergonha, preguiçoso e que tais...
Em casa, temos mais do mesmo: em contraste com a organização de tempo do filho problemático, pai, mãe e irmão seguem o script de uma vida produtiva. A cena que sintetiza esta idéia chega a ser hilária – vemos os três cumprindo rituais e tarefas cotidianas prosaicas em uma “rotação” acelerada, uma crítica clara ao ritmo frenético que temos de imprimir em nossas ações para conseguirmos um lugar ao sol na sociedade contemporânea. O valor está nessa pressa, na hiperatividade, como se isso fosse sinônimo de determinação, empenho. Como bem destacou Rosely Sayão em texto recente, “A pressa tomou conta de nossas vidas. Corremos desde que acordamos... Incentivamos a corrida sem fim dos mais novos: queremos que aprendam tudo rapidamente e cedo...” (Apressando a vida, in: http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/). Mais uma vez, o alívio para essa tortura e ansiedade cotidianas nos chega pelos olhos sonhadores de Ishaan – ele demora a acordar, encomprida o sonho na cama, nesse estado fértil entre o sono e a vigília, um sorriso no rosto que pede para ser compartilhado. Mas não há tempo para isso. A mãe-produtiva, que lhe dedica cuidados mecânicos, tem como tarefa tirá-lo desse estado, apressá-lo e adaptá-lo para a vida real, do trabalho, do horário a cumprir.
Como se não bastasse, ela também acompanha o filho na lição de casa, apenas e tão somente para destacar seus erros, demonstrando irritação e desesperança com a repetição deles, com a falta de capricho e empenho do filho: “Pare de brincar e conserte seus erros!”. As mensagens se repetem: preguiçoso, disperso, incompetente para aprender; enfim, não há projeto de futuro possível para esse menino que insiste em contemplar a vida, enquanto o tempo não para...
“Aqui nesta pedra alguém sentou olhando mar. O mar não parou para ser olhado. Foi mar pra tudo quanto é lado”, diz o poema de Paulo Leminski. No filme, quem “atropela” Ishaan é o pai, que, depois de uma reunião com os “educadores” da escola, em que o fracasso do filho é reafirmado em frases como: “ele não evolui, repete os mesmos erros de propósito...”, decide mandá-lo para um colégio interno, afastá-lo da família como castigo por não ter se esforçado. Tem início então um segundo momento da vida desse menino: toda a sua vivacidade, o sorriso malandro, a alegria de criança, a curiosidade e fascinação pelas cores e movimentos das ruas, que depois reproduzia em desenhos e pinturas belíssimos, são substituídas pela tristeza do abandono, pela decepção, em especial com a atitude da mãe, que, embora não concorde com a idéia da separação, submete-se ao marido.
Impossível ao espectador não se sensibilizar com o sofrimento que parece não ter fim do menino. O lema da “nova” escola, entoado com orgulho pelo corpo técnico, é: “Disciplina. Já domamos cavalos selvagens, vamos domar este também”. Ou seja, Ishaan é de imediato identificado como o garoto desregrado e incapaz de se desenvolver intelectualmente. Pior: agora, ele aceita esses rótulos e começa a se anestesiar para não sofrer, submetendo-se às novas humilhações dos professores sem qualquer reação. Deixa de falar, de desenhar e vai se tornando indiferente a tudo e a todos. Ishaan foi impedido de ser ele mesmo.
Mas este filme indiano não foge à regra e, para alívio de todos, repete a fórmula do clássico pioneiro “Ao mestre com carinho”, seguido de “Sociedade dos poetas mortos”, e mais recentemente “Escritores da liberdade”, já comentado nesta seção. Também aqui há um professor herói, um salvador, e a redenção finalmente chega pelo personagem Ram Shankar, que assume as aulas de artes.
Ram tem um percurso profissional interessante: vem de uma escola especial da região, na qual desenvolve um trabalho belíssimo com crianças deficientes. Esse percurso e sua própria história nos bancos escolares o equipam para aproximar-se de Ishaan e enfatizar com ele. O professor de artes logo percebe que o garoto está profundamente deprimido, pois não responde a sua forma inusitada de ministrar aulas: ele se apresenta aos alunos fantasiados, tocando uma flauta e convidando-os a dançar, cantar e, depois, desenhar livremente, deixando a imaginação correr solta no papel: “Divirtam-se, estão livres para desenhar o que quiserem!”. Ou seja, tudo que Ishaan fazia antes da opressão e violência que sofreu no ambiente escolar e familiar. Encapsulado, o garoto não reage mais; está tão anestesiado que nem consegue identificar em Ran Shankar o seu próprio modo de ser e ver o mundo.
Mas o professor está determinado a salvar o garoto, cujos “olhos berram por socorro”: analisa os cadernos, conversa com o único coleguinha com quem Ishaan mantinha um vínculo de amizade e finalmente procura pelos familiares dele. E é neste momento que reside, de nosso ponto de vista, o equívoco do filme.
Diante de um pai e uma mãe surpresos com a visita inusitada, Ran Shankar vai elencando sintomas de um distúrbio denominado dislexia, para afirmar que Ishaan não era preguiçoso ou indisciplinado e sim apresentava uma limitação real e de natureza orgânica que gerava seus problemas de aprendizagem escolar. Aqui, parece mesmo que o roteirista do filme tomou como base os manuais que caracterizam essa suposta doença e, didaticamente, vai expondo-a aos espectadores, muitos dos quais, certamente, chegaram em suas casas e correram para pesquisar na internet, como alíás, no filme, faz a mãe do menino, encontrando a confirmação de suas suspeitas quanto a uma pessoa da família ou a si próprios...
Só que, como temos apontado aqui no Ifono, trata-se de uma polêmica longe de ser resolvida, pois a existência da dislexia é bastante questionada, em especial quando temos uma história de vida como a de Ishaan. Fica evidente no filme a inadequação não só do sistema de ensino como do ambiente familiar: ambos falhavam repetidamente com o garoto, exigindo que se adequasse a padrões de funcionamento e comportamento, que, na verdade, o impediam de aprender a partir de sua forma de olhar e compreender o mundo. Essa forma, porém, de maneira alguma é incompatível com o desenvolvimento intelectual; ao contrário, Ishaan tinha recursos e talentos para isso: curiosidade, capacidade de concentração, observação apurada e busca de meios para expressar e compartilhar suas percepções. Incompatível com um aprendizado genuíno é a forma de ensinar que vemos no filme: fragmentação dos saberes, sistematização descontextualizada de conteúdos, aversão à reflexão e criação, hipercorreção de erros ortográficos, etc..
Diante disso, como dizer que as supostas dificuldades do garoto advinham de um problema individual orgânico? O que vemos é uma organização defensiva contra essas graves falhas ambientais, e uma tentativa de se manter saudável em ambientes claramente doentes, contaminados por uma pressa e submissão impeditivas do contemplar e criar livremente. É bom que se diga que os erros ou trocas grafêmicas, espelhamentos de letras que nos vão sendo apresentados na tela, com o professor folheando os cadernos de Ishaan, nada mais são do que naturais em um processo de apropriação da escrita, e de forma alguma indicam uma dificuldade específica ou uma patologia de origem neurológica. Mostram sim que o garoto foi se afastando desse conhecimento, que lhe foi apresentado de uma forma muito pouco atrativa, além de segmentada e destacada de contextos reais de uso. Bastaria uma mediação mais consistente, aberta a experimentações, e professores menos ávidos para rotular e super corrigir seus alunos, como vemos nos cadernos, repletos de correções em vermelho, para que essas questões fossem acertadas. Com o tempo, e exposto a situações discursivas significativas, o processo de letramento de Ishaan continuaria seu curso, como de fato vemos mais adiante (não deixe de ler texto publicado nesta seção: Considerações sobre a visitação a gêneros discursivos).
O próximo passo de Ran Shankar foi marcar uma reunião com o diretor da escola, e aí há um diálogo comum no ambiente escolar, que muitas vezes ocorre entre especialistas e coordenadores pedagógicos. O professor informa o problema do garoto, e o diretor então afirma categórico que ele deve ser transferido para uma escola especial. Mas Ran invoca o ideal da inclusão e o dever, assegurado por lei, de todas as escolas aceitarem crianças, independente de suas dificuldades, inclusive as deficientes. O diretor retruca, afirmando que, em classes numerosas, os professores não têm condições e nem TEMPO para se dedicar às especiais. Ran está decidido a ajudar e se oferece para acompanhar Ishaan individualmente, duas ou três vezes por semana.
E é neste momento que reside, de nosso ponto de vista, o acerto do filme. Não é o diagnóstico de dislexia que abre portas para Ishaan, como certamente os adeptos da existência da doença utilizarão como argumento. A grande virada e sacada está na parceria estabelecida entre o professor/mediador e o aluno. A partir dela, fica fácil aprender, abrir canais para ler, escrever e lidar com os números. O professor de artes se aproximou afetivamente do garoto, colocou-se no lugar dele e foi mostrando novas formas de apropriação e construção dos conhecimentos a partir desse lugar, de suas potencialidades e recursos. Mas, se por acaso Ishaan tivesse sido atendido por um professor com outro perfil, ou encaminhado para especialistas que reproduzissem a mesma metodologia de ensino das escolas que freqüentou, ou ainda para profissionais da área médica que optam por ministrar remédios (conhecidos como “drogas da obediência”) para o que apressada e inconsistentemente diagnosticam como déficit de atenção, poderia ter simplesmente se adaptado, sido domesticado e aprendido a fazer o jogo da instituição, como muitos, mas não necessariamente estaria vislumbrando nos conhecimentos a possibilidade de neles imprimir pessoalidade. Além do afeto, Ran reapresentou o objeto cultural escrita para Ishaan, resgatando, em especial, o aspecto lúdico e respeitando o tempo e ritmo de experimentação do garoto.
No final, assistimos a movimentos de confraternização bem raros no ambiente escolar de fora da tela, com todos reconhecendo suas limitações e se humanizando. Há também as reparações de praxe por parte dos familiares, dos professores e dos colegas, e Ishaan volta a sorrir e a ter esperança em suas capacidades de desenvolvimento.
É de fato um final feliz. Mas só na ficção. Junto com os créditos, vão surgindo imagens que não nos deixam esquecer que toda essa transformação na forma de cuidar de crianças reais, com exceção da mesmice e avidez equivocada por taxá-las como doentes, está bem longe de ocorrer. Sujas, maltratadas, carregando materiais pesados, inseridas precocemente no mundo do trabalho, exploradas por adultos, todas ainda sorriem para as câmeras... Até quando?

Título Original:
Taare Zameen Par
Sinopse:
É a história de uma criança, Ishaan Awasthi, de 9 anos, que sofre com dislexia e custa a ser compreendida. Um professor substituto de Artes entra em cena e logo percebe que algo de errado estava pairamais »ndo sobre Ishaan. Não demorou para que o diagnóstico de dislexia ficasse claro para ele, o que o leva a por em prática um ambicioso plano de resgatar aquele garoto que havia perdido sua réstia de luz e a vontade de viver.« menos
Em DVD - 2007 (Mundial)
140 min
 -  Drama
Direção:
Roteiro:
Elenco: Aamir Khan (Ram Shankar Nikumbh)Darsheel Safary (Ishaan Awasthi)M.K. Raina (Diretor(Principal))Sachet Engineer (Yohaan Awasthi/Dada)Tanay Chheda (Rajan Damodran)Tisca Chopra (Maya Awasthi/Ma)Vipin Sharma (Nandkishore Awasthi/Papa)mais
Produtores:
Países de Origem:
Estreia Mundial: 2007
Estreia Brasil: 21 de Dezembro de 2007
Outros Títulos:Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte: Like Stars on Earth






PAIS AUSENTES GERAM PROBLEMAS

A criança é colocada na escola para receber um tipo de educação que desenvolva particularmente seus dotes intelectuais. Segundo Rampazzo (1996:21), em seu escrito:
Na educação dos filhos, é preciso evitar dois excessos: de um lado, a imposição; de outro, a falta de acompanhamento. Poderíamos dizer que também a pessoa do filho tem uma liberdade que deve ser respeitada; mas por outro lado, estas liberdades do filho precisas de luzes, de indicações, de presença dos pais para estimular, corrigir, ensinar, convencer, numa só palavra: para ser educada.
Depois de a criança entrar na escola, o papel educativo da família não deveria diminuir de importância, pois, na realidade, nada a substitui.
O que vemos hoje são os pais se afastando dos filhos por conta de inúmeras outras coisas, que não são tão importantes, quanto a formação de um indivíduo; ora, os filhos são presente de Deus e eternidade na vida dos pais e das famílias. A importância para as vidas são importâncias necessárias. Cosntruímos o nosso futuro também através dos filhos.
No entanto, muitas vezes tal não acontece: há uma tendência da família em deixar a criança, desde então, entregue exclusivamente a escola, achando que já cumpriu o seu dever. Por outro lado, é comum o professor reclamar do aluno: “será que seus pais não lhe dão educação em casa?”, ou ainda: “escola é para instruir, a educação o aluno recebe em casa!”.
Em ambas as atitudes – a família deixando a educação por conta da escola e a da escola por conta da família – o que existe é uma lamentável incompreensão da responsabilidade dessas duas instituições irmãs. A escola e a família são duas instituições cuja existência deve estar indissoluvelmente ligada. A escola deve ser a continuação do lar ideal.
É, portanto, necessário à cooperação sempre uma com a outra, em benefício do educando. A escola pode cooperar com a família de várias formas: ajudando-a a formar o caráter do jovem, reforçando a autoridade dos pais, aconselhando diariamente a ouvir e respeitá-los. Por sua vez, a família deve colaborar com a escola, vivendo em contato com esta. Os pais devem comparecer sempre que possível na escola e entrar em entendimento com os professores de seus filhos. Os pais são responsáveis em sua plenitude pelo conhecimento adquirido e pelo equilíbrio deste conheciamento. O falar sobre o que apreendeu, também se constata na família. A Escola hoje assume muitos papéis, mas o de confirmar a afetividade e o de acertar os pontos de vistas para o conviver e o viver no mundo, é muito mais da família do que da Escola. Atuamos com conteúdos científicos e as vezes populares por 4horas ou 4 horas e meia, a família, sustenta um convívio de 20horas.... Daí,a necessidade da presença.
A família precisa acompanhar passo a passo a vida escolar do filho e saber o que está fazendo na escola, qual o seu adiantamento, as suas notas e os seus progressos. Em cada lugar em que estamos assumimos papéis, percebemos signos, portanto; quase sempre a família não conhece o seu filho, a sua criança junto com outras pessoas e longe dos seus olhares e visual. a criança, o jovem desta forma, assume o seu verdadeiro papel, se mostra como realmente é. E sendo assim, só a família tem o poder de controlar e conduzir este jovem nestas condições.
Nidelcoff (1994) aponta problemas existentes na escola e vice-versa. Tal situação, decorrente do fato de os campos de cada um dos lados não estarem bem delimitados, cria, segundo a autora, uma confusão que gera mais impasse do que crescimento.
A escola tem como função a transmissão de saberes e, para que isso aconteça, não há como invadir a privacidade do aluno. A escola não dá conta, por exemplo, de tornar uma criança mais feliz, porque isso está relacionado com o seio familiar, por outro lado a ausência familiar faz com que a escola se sinta, às vezes, na obrigação de repassar regras comportamentais, abrindo mão de sua função elementar.
Os pais encontram-se hoje mais preocupados com o não-desenvolvimento da aprendizagem dos filhos e com o medo de errar. Os pais não suportam suas falhas, são tão sufocantes quanto autoritários e acabam criando, em casa, pequenos autoritários.
Souza (1996) afirma que o ambiente de origem da criança é altamente responsável pelas suas atividades de segurança no desempenho de suas atividades e na aquisição de experiências bem sucedidas, o que faz a criança obter conceito positivo sobre si mesmo, fator importante para a aprendizagem.
 Não se colocam por não suportar a realização e admitem que muitas vezes pais e escolas se omitem, deixando de exercer sua autoridade.
Em relação à falsa imagem do construtivismo aplicada em várias escolas públicas e privada – muitos equívocos são feitos em torno dessa linha de educação. No construtivismo, a criança não tem que fazer o que quer e o professor simplesmente aceitas, pois isso gera descompromisso. O professor deve definir regras, os instrumentos. 
Nidelcoff (1994) ainda lembra que responsabilidade e autoridade antecedem a escola. Se os pais querem filhos responsáveis, têm que se conscientizar que há também uma responsabilidade que é sua. A escola não é só para estabelecer limites e disciplina, sendo que o investimento nesse campo vai além dos estabelecimentos de ensino.
Há determinados professores que têm dificuldades de saber qual é o seu papel. Crianças e adolescentes estão sempre testando os adultos e, quando isso se torna paralisante, com agressividade, é preciso que haja uma intervenção. Well (1991:45) faz a seguinte afirmação sobre conduta:

Recentes pesquisas de Psicanálise e de Psicologia Social colocaram em destaque fato de a conduta dos filhos na escola e em casa serem, em grande parte, uma reação ao comportamento dos pais para com os filhos. Isto é a tal ponto verdadeiro, que se constatou que a maioria dos problemas de comportamento, tais como a ausência de atenção, brutalidade ou instabilidade, são causados pelas atitudes dos pais.

Na natureza das relações entre pais e filhos se transmite de geração a geração; existem tradições de brutalidade, de autoritarismo, de superproteção que os filhos transmitem, quando adultos, às suas próprias crianças. Onde Há brutalidade, incompreensão, e hiper autoritarismo, não é possível construir verdadeira democracia, pois atitudes se propagam também fora do lar, no trabalho, nos negócios e, o que é mais sério, na direção dos destinos de uma nação.
A liberdade, dentro do respeito pelo próximo, tem de começar as ser cultivada nas relações entre pais e filhos, isto é, na própria célula familiar. Sem isto, os alicerces de qualquer nação não oferecem garantia para manutenção do que se deseja para uma verdadeira democracia.
Só somos livres, a partir do que construímos para nós mesmos.
Por Monique Beltrão.
Mestre em Educação,Pedagoga, Psicopedagoga,
Especialista em Direito Educacional, Escritora e
Professora Universitária.

Divulgando o Livro na FESAV - 2012

A pessoa humana é o princípio e o fim de qualquer proposta
ou motivo educacional, podendo assim ser entendida a
partir de suas nuances, particularidades e pontos íntimos do
seu pensar e agir, pois “Em primeiro lugar, todo homem nasceu
para o mesmo fim principal, o de ser homem, ou seja, criatura
racional senhor das outras criaturas, imagem manifesta
do seu criador” (COMENIUS Johan, 1997, CAP.IX, § 2).

Educar é transformar o indivíduo, é prepará-lo para o
mundo, conhecendo suas razões, a fim de promover sua
integração total. É oferecer a este indivíduo melhores condições
para não condicioná-lo, mas deixá-lo viver, conhecer, agir,
querer, dizer e buscar o seu aprimoramento e a transformação
do mundo.

Por Monique Beltrão.



Investindo na Pedagogia com Projetos - Visão Acadêmica







Livro inspirado nos alunos do Ensino Fundamental e nas condições de aprendizagem e entendimento dos conteúdos ministrados. A idéia aqui é a de facilitar o apreender para obter habilidades de sucesso no cotidiano escolar e para a vida. Sejamos imperativos com o saber que tomamos posse! Vendas on line através da Editora Delicatta no endereço: www.livrariadelicatta.com
Monique Beltrão.

sábado, 18 de agosto de 2012



A UMEF Edson Tavares de Souza tem se mostrado uma escola inovadora, valorosa e de equipe ajustada, fez bonito nesta temporada do Prêmio Gestão 2012, ficou entre as três melhores escolas do Estado e foi a única do Município de Vila Velha a concorrer ao Prêmio Gestão e a ser destaque pelo seu trabalho. Escola Honrada e de muitas ações. Eu acredito e faço parte!
Monique Beltrão.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Vila Velha é finalista no Prêmio Gestão Escolar 2012

Vila Velha é finalista no Prêmio Gestão Escolar 2012
Texto: Lohanna Mendes / Foto: Zanete Dadalto

A Unidade Municipal de Ensino Fundamental (Umef) Edson Tavares de Souza, em Ilha dos Bentos, está entre as três escolas finalistas do Prêmio Gestão Escolar 2012. A unidade concorreu com outras 31 escolas do Estado e é a única da Grande Vitória nesta fase da seleção.

Durante a avaliação foram analisadas as gestões Pedagógica, de Resultados Educacionais, Participativa, de Pessoas e de Serviços e Recursos. O Prêmio é uma realização do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da Secretaria de Estado da Educação (Sedu).

Segundo a diretora da escola, Solange Ribeiro Guzzo, o fator primordial para estar entre as três finalistas é a união da equipe escolar. “É a primeira vez que nos inscrevemos e já fomos selecionados entre os três. Isso é a confirmação de que estamos no caminho certo”, afirmou, destacando também a importância da participação dos pais e do Conselho de Escola. “Mais importante nisso tudo é o reconhecimento dos pais e alunos. Tudo o que conquistamos é com e para eles”, completou a diretora.
 
No próximo dia 09 de agosto, a comissão julgadora definirá qual a escola com o melhor desempenho em gestão escolar. A eleita receberá o título de “Destaque Estadual”, uma quantia de R$ 6 mil e uma viagem de intercâmbio nos Estados Unidos para o diretor da unidade, além de concorrer ao Prêmio “Destaque Nacional”.


Por Monique Beltrão. Pedagoga desta Unidade Escolar da Prefeitura de Vila Velha - 2012.

sábado, 12 de maio de 2012

Cidadão Bolha de Ar

Cidadão Bolha de Ar

Refletindo sobre educação.

O que seria melhor para todos nós, ter cabeça ou o que nela deve haver? Ter olhos ou saber enxergar? Ter boca ou saber falar? Ter escolarização ou saber respeitar as pessoas e seus semelhantes? O que é melhor? O que é pior?...

Diante de um monte de coisas interessantes a fazer e construir, temos o empenho holístico de apreciar pessoas e falar sobre elas, e, não se envolver em nada. Somos o que pretendemos ou determinamos, mas somos ainda o que de fato determinamos... Construímos sonhos e devolvemos idéias e contradições. Somos o que há de melhor na construção do inexistente, mas construímos pessoas. Educamos princípios e determinamos algo que de fato fará falta... Somos o inevitável mover do conhecimento com a prática de um cotidiano traumático e interessante, do dia a dia entre os muros e o olhar da escola.

Falo de cidadãos colegiados, amparados e especulados em olhares e visões acadêmicas de enormes possibilidades. Falo do que, de repente é assombrado e questionado como sendo o universo a se abrir. Construo imaginações e os coloco diante de cada passo que dou e remeto o meu cotidiano especial e acadêmico. Sonho com pequenos modelos e me escapo de muitos outros modelos. Mas observo e semeio o que o ar não consegue fazer subir...

Cidadão Bolha de Ar, justo, apela para as enormes possibilidades de construção e empenho para um crescimento profundo e não limitado. Eu cresci, flutuo porque não apresento formação adequada para pisar no chão. Não consigo me prender ou ter rumo, mas afirmo construir o meu futuro do lado de dentro dos muros da escola. Sou o futuro, mas não piso no chão. Deslizo com leveza, e, subo ainda menino sem saber pra onde vou... Não sei ler, não sei orar, não sei falar... Mas penso coisas só minhas e não consigo chegar mais perto. Flutuo!

Perco as oportunidades porque não sei o que são e o que posso com elas, mas; me pego chorando quando perco a oportunidade de ser melhor e poder reconhecer isso. Sou inofensivo, mas ainda flutuo... Perco e ganho tempo, mas sou imbatível no que me expõe sem me causar dor ou sofrimento. Construo sem grandes esforços, mas ainda não sei me esforçar. Penso em muitas coisas, mas não sei começar... Estou na Escola, mas ainda não sei o que faço lá... Não sei o que posso lá. Não sei o que ganho por lá... Mas flutuo!

Não conquisto o meu espaço, ganho o espaço e faço parte da fila, contudo, flutuo.... Sou aluno e nem sempre sei o que sou. Cresço e nem sempre alegro-me por isso, mas flutuo, porque não compreendo como parar e permanecer no chão. Flutuo como bolha de ar. Mas estou na escola e certamente aprenderei a parar com os pés no chão! Deixarei de flutuar...

Por Monique Beltrão.
UMEF Edson Tavares de Souza

1º LUGAR
Prêmio Construindo a Nação
Projeto Cuidar-se para melhor ensinar.









09 de maio de 2012 às 17h48 - Atualizado em 09 de maio de 2012 às 17h51

Alunos comemoram 1º lugar no Prêmio "Construindo a Nação"

Texto: Geiza Ardiçon / Foto: Geiza Ardiçon


A tarde desta terça-feira (08) foi de comemoração para os alunos da Unidade Municipal de Ensino Fundamental (UMEF) Edson Tavares de Souza, localizada em Ilha dos Bentos. A escola venceu em primeiro lugar na categoria Ensino Fundamental do Prêmio "Construindo a Nação". O prêmio valoriza e mostra ações realizadas em escolas públicas e Vila Velha foi destaque com o projeto “Gente ajudando gente”, que envolveu alunos, professores e toda a escola. O evento foi realizado no Teatro do Sesi, em Vitória.

Empolgados, os alunos Ester Monteiro, Alexandre Manoel e Raquel de Jesus, do 5º ano, participaram da cerimônia e destacaram o que aprenderam com o projeto. “Aprendemos a cuidar mais da escola e dos nossos colegas. Nossa praça também foi reformada e aprendemos a cuidar também do meio ambiente. Ficamos muito felizes porque nossa escola merece”, afirmou Ester Monteiro.

A diretora da unidade de ensino, Solange Maria Ribeiro Guzzo, enfatizou que o projeto agregou valor ao trabalho pedagógico desenvovido na escola. “Alcançamos somente resultados positivos. Todas as ações realizadas pelo projeto Gente Cuidando de Gente contribuiram também para o bom andamento da rotina da escola. Agradeço e dedico este prêmio para toda a escola e todos os alunos que participaram”, destacou a diretora.

Projetos

O Projeto foi idealizado pela escola em 2011 com o objetivo de realizar ações que beneficiem a saúde dos professores, para que o ensino possa ser desenvolvido com qualidade. Por isso, foi adotado o tema “Cuidar-se para Cuidar”. Além da atividade física com os professores, o projeto também viabiliza acompanhamentos médicos em diferentes áreas, por meio de uma parceria com a unidade de saúde do bairro.

Prêmio

O Prêmio Construindo a Nação é promovido pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) e tem como objetivo valorizar o papel do educador no processo de formação do aluno como cidadão. Além disso, estimula os estudantes a participarem ativamente dos projetos da escola que frequentam, visando a aprendizagem na convivência com as demandas sociais das comunidades.


Esta Escola Municipal é a Escola que possui o maior índice de IDEB do Brasil neste município. É uma Escola vencedora, portanto, qualquer trabalho postado aqui, significa sucesso. A equipe efetiva é dedicada e talentosa e os alunos são educados e obedientes. Sonho de todo profissional, mas realidade da minha vida. Parabéns equipe!
Monique Beltrão.



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Conhecimento do Desenvolvimento Neuropsicomotor

O conhecimento do desenvolvimento neuropsicomotor normal por profissionais da área de saúde (médicos e profissionais afins) é de grande relevância no cuidado às crianças em suas fases iniciais de desenvolvimento. A precocidade na identificação de problemas no Desenvolvimento neuropsicomotor normal permite a intervenção adequada com o encaminhamento aos recursos da comunidade, proporcionando melhor qualidade de vida a estas crianças e seus familiares(1).

No período de 1985 a 2006, estudos científicos realizados em países em desenvolvimento, além de documentos publicados pelo World Bank, UNICEF e UNESCO's International Bureau of Education, indicaram que cerca de mais de 200 milhões de crianças abaixo de 5 anos de idade nos países em desenvolvimento não estavam atingindo adequadamente todo seu potencial de desenvolvimento, e isso resultaria em menor escolarização e treinamento profissional para estes indivíduos, maiores níveis de desemprego e, conseqüentemente, pior situação econômica e qualidade de vida (1).

Desenvolvimento é definido como “mudanças que acontecem na vida de um indivíduo desde a concepção até a morte. Muitos aspectos do comportamento humano se modificam com o passar do tempo, incluindo a cognição, o movimento, a linguagem, o comportamento socioemocional e características físicas(2).

É necessária uma compreensão dos marcos de desenvolvimento para os profissionais que trabalham na área da saúde pediátrica, além dos próprios pais para que possa utilizar destes marcos a sequência de desenvolvimento como guia para registrar a evolução a longo prazo de seu filho. O marco de desenvolvimento dos dois primeiros anos de vida estão na tabela de Needlman e desenvolvimento neuropsicomotor tabela de Denver. (encontrado aqui também neste blog).

O conhecimento do desenvolvimento motor assume importância fundamental na clínica. Isso vale sobretudo no caso de o lactente apresentar, ou correr risco de apresentar, distúrbio motor devido a alguma lesão nervosa ou a uma anomalia do sistema osteomuscular(3).

O desenvolvimento motor é considerado como um processo seqüencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas(4).


Os motivos que justificam o exame e a intervenção precoces são de três tipos:

1- Anatômicos

2- Ligados ao comportamento

3- Fisiológicos


Quando analisa controle motor de um movimento específico, tal como andar, o fisioterapeuta observa vários programas motores que são executados simultaneamente. Esses programas incluem: automatismos da marcha, controle da cabeça, funcionamento da musculatura axial e tronco em cadeia aberta e fechada, programas de equilíbrio, deste o toque do calcanhar no solo até o apoio bilateral, balanço dos membros superiores e como isso perturba o paciente, e o tipo de ambiente em que o paciente caminha. Cada um desses programas representa uma sequência de movimentos que estão sendo controlado pelo sistema nervoso central(2).

Inicialmente, acreditava-se que as mudanças no comportamento motor refletiam diretamente as alterações maturacionais do sistema nervoso central. Hoje, porém, sabe-se que o processo de desenvolvimento ocorre de maneira dinâmica e é suscetível a ser moldado a partir de inúmeros estímulos externos (2). A interação entre aspectos relativos ao indivíduo, como suas características físicas e estruturais, ao ambiente em que está inserido e à tarefa a ser aprendida são determinantes na aquisição e refinamento das diferentes habilidades motoras(4).

Em todas as doenças neurológicas um programa de tratamento que incorpore principalmente o treino de atividades funcionais, é sempre essencial para uma maior independência dos pacientes, acredita-se que um dos elementos que permitem a evolução clínica desses pacientes é que o treino dessas atividades interfira de forma benéfica na neuroplasticidade estimulando-a (5).


Referências:

1- Teste de pré-triagem para avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças com até 12 meses de idade, JOSELI DO ROCIO MAITO DE LIMA, Tese de doutorado Universidade Federal do Paraná. 2008.

2- Reabilitação neurológica prática, Darcy Umphred. 2007.

3- Fisioterapia em pediatria, Roberta Shepherd.1998.]

4- Desenvolvimento motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção, Aline Willrich. Rev Neurociências. 2008.

5- Os efeitos da prática de atividades motoras sobre a neuroplasticidade, Marcella de Pinho Borella, Rev Neurociências. 2009.

Psicologia do Desenvolvimento Contribuições Teóricas

Sigmund Freud (1856-1939)
• Propõe, à data, um novo e radical modelo da mente humana, que alterou a forma como pensamos sobre nós próprios, a nossa linguagem e a nossa cultura. A sua descrição da mente enfatiza o papel fundamental do inconsciente na psique humana e apresenta o comportamento humano como resultado de um jogo e de uma interacção de energias.
• Freud contribuiu para a eliminação da tradicional oposição básica entre sanidade e loucura ao colocar a normalidade num continuum e procurou compreender funcionamento do psiquismo normal através da génesis e da evolução das doenças psíquicas.
• Estudo do desenvolvimento psíquico da pessoa a partir do estádio indiferenciado do recém-nascido até à formação da personalidade do adulto.
• Muitos dos problemas psicopatológicos da idade adulta de que trata a Psicanálise têm as suas raízes, as suas causas, nas primeiras fases ou estádios do desenvolvimento.
• Na perspectiva freudiana, a “construção” do sujeito, da sua personalidade, não se processa em termos objectivos (de conhecimento), mas em termos objectais.
• O objecto, em Freud, é um objecto libidinal, de prazer ou desprazer, “bom ou mau”, gratificante ou não gratificante, positivo ou negativo.
• A formação dos diferentes estádios é determinada, precisamente, por essa relação objectal. (Estádios: Oral, Anal, Fálico, Latência, Genital)

A sua teoria sobre o desenvolvimento da personalidade atribui uma nova importância às necessidades da criança em diversas fases do desenvolvimento e sobre as consequências da negligência dessas necessidades para a formação da personalidade


Erik Erikson (1904-1994)

• A teoria que desenvolveu nos anos 50 partiu do aprofundamento da teoria psicossexual de Freud e respectivos estádios, mas rejeita que se explique a personalidade apenas com base na sexualidade.
• Acredita na importância da infância para o desenvolvimento da personalidade mas, ao contrário de Freud, acredita que a personalidade se continua a desenvolver para além dos 5 anos de idade.
• No seu trabalho mais conhecido, Erikson propõe 8 estádios do desenvolvimento psicossocial através dos quais um ser humano em desenvolvimento saudável deveria passar da infância para a idade adulta. Em cada estádio cada sujeito confronta-se, e de preferência supera, novos desafios ou conflitos. Cada estádio/ fase do desenvolvimento da criança é importante e deve ser bem resolvida para que a próxima fase possa ser superada sem problemas.
• Tal como Piaget, concluiu que não se deve apressar o desenvolvimento das crianças, que se deve dar o tempo necessário a cada fase de desenvolvimento, pois cada uma delas é muito importante. Sublinhou que apressar o desenvolvimento pode ter consequências emocionais e minar as competências das crianças para a sua vida futura.

"Human personality in principle develops according to steps predetermined in the growing person's readiness to be driven toward, to be aware of and to interact with a widening social radius"
Erik Erikson.


Jean Piaget (1896-1980)

• Jean Piaget (1896-1980) foi um dos investigadores mais influentes do séc. 20 na área da psicologia do desenvolvimento. Piaget acreditava que o que distingue o ser humano dos outros animais é a sua capacidade de ter um pensamento simbólico e abstracto. Piaget acreditava que a maturação biológica estabelece as pré-condições para o desenvolvimento cognitivo. As mudanças mais significativas são mudanças qualitativas (em género) e não qualitativas (em quantidade).
• Existem 2 aspectos principais nesta teoria: o processo de conhecer e os estádios/ etapas pelos quais nós passamos à medida que adquirimos essa habilidade.
• Como biólogo, Piaget estava interessado em como é que um organismo se adapta ao seu ambiente (ele descreveu esta capacidade como inteligência) - O comportamento é controlado através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para representar o mundo e para designar as acções.
• Essa adaptação é guiada por uma orientação biológica para obter o balanço entre esses esquemas e o ambiente em que está. (equilibração). Assim, estabelecer um desequilíbrio é a motivação primária para alterar as estruturas mentais do indivíduo.
• Piaget descreveu 2 processos utilizados pelo sujeito na sua tentativa de adaptação: assimilação e acomodação. Estes 2 processos são utilizados ao longo da vida à medida que a pessoa se vai progressivamente adaptando ao ambiente de uma forma mais complexa.
o Capta as grandes tendências do pensamento da criança
o Encara as crianças como sujeitos activos da sua aprendizagem


Lev Vygotsky (1896-1934)

• Lev Vygotsky desenvolveu a teoria socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. A sua teoria tem raízes na teoria marxista do materialismo dialéctico, ou seja, que as mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza humana.
• Vygotsky abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito nas actividades sociais → Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais.
• Ele acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais experiente.
• O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma social e uma pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada.
• Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o conhecimento sozinho, Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interacções com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança
• Esses instrumentos são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos, signos.

Teoria de Vygotsky do Desenvolvimento Cognitivo
• Vygostsky sublinhou as influências socioculturais no desenvolvimento cognitivo da criança:
 O desenvolvimento não pode ser separado do contexto social
 A cultura afecta a forma como pensamos e o que pensamos
 Cada cultura tem o seu próprio impacto
 O conhecimento depende da experiência social
• A criança desenvolve representações mentais do mundo através da cultura e da linguagem.
• Os adultos têm um importante papel no desenvolvimento através da orientação que dão e por ensinarem (“guidance and teaching”).
• Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) – intervalo entre a resolução de problemas assistida e individual.
• Uma vez adquirida a linguagem nas crianças, elas utilizam a linguagem/discurso interior, falando alto para elas próprias de forma a direccionarem o seu próprio comportamento, linguagem essa que mais tarde será internalizada e silenciosa – Desenvolvimento da Linguagem.


Konrad Lorenz (1903-1989)

• Zoólogo austríaco, ornitólogo e um dos fundadores da Etologia moderna (estudo do comportamento animal)
• Desenvolveu a ideia de um mecanismo inato que desencadeia os comportamentos instintivos (padrões de acção fixos) → modelo para a motivação para o comportamento
• Considera-se hoje que o sistema nervoso e de controlo do comportamento envolvem transmissão de informação e não transmissão de energias.
• O seu trabalho empírico é uma das grandes contribuições, sobretudo no que se refere ao IMPRINTING e aos PERÍODOS CRÍTICOS
• o imprinting é um excelente exemplo da interacção de factores genéticos e ambientais no comportamento – o que é inato e específico na espécie e as propriedades específicas da aprendizagem;
• O trabalho de Lorenz forneceu uma evidência muito importante de que existem períodos críticos na vida onde um determinado tipo definido de estímulo é necessário para o desenvolvimento normal. Como é necessária a exposição repetitiva a um estímulo ambiental (provocando uma associação com ele), podemos dizer que o imprinting é um tipo de aprendizagem, ainda que contendo um elemento inato muito forte.


Henri Wallon (1879 – 1962)

• Wallon procura explicar os fundamentos da psicologia como ciência, os seus aspectos epistemológicos, objectivos e metodológicos.
- Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores.
• Wallon propõe a psicogénese da pessoa completa (psicologia genética), ou seja, o estudo integrado do desenvolvimento.
o Para ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação dos factores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal).
• Considera que não é possível seleccionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a actividade infantil (afectivo, motor e cognitivo).
• Vemos então que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem. Esta é uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.


Burrhus F. Skinner (1904 – 1990)

• Psicólogo Americano, conduziu trabalhos pioneiros em Psicologia Experimental e defendia o comportamentalismo / behaviorismo (estudo do comportamento observável).
• Tinha uma abordagem sistemática para compreender o comportamento humano, uma abordagem de efeito considerável nas crenças e práticas culturais correntes.
• Fez investigação na área da modelação do comportamento pelo reforço positivo ou negativo (condicionamento). O condicionamento operante explica que um determinado comportamento tem uma maior probabilidade de se repetir se a seguir à manifestação do comportamento se apresentar de um reforço (agradável). É uma forma de condicionamento onde o comportamento acabará por ocorrer antes da resposta.
• A aprendizagem, pode definir-se como uma mudança relativamente estável no potencial de comportamento, atribuível a uma experiência - Importância dos estímulos ambientais na aprendizagem


Albert Bandura (1925-presente)

• É, tal como Skinner, da linha behaviorista da Psicologia. No entanto enfatiza a modificação do comportamento do indivíduo durante a sua interacção. Ao contrário da linha behaviorista radical de Skinner, acredita que o ser humano é capaz de aprender comportamentos sem sofrer qualquer tipo de reforço. Para ele, o indivíduo é capaz de aprender também através de reforço vicariante, ou seja, através da observação do comportamento dos outros e de suas consequências, com contacto indirecto com o reforço. Entre o estímulo e a resposta, há também o espaço cognitivo de cada indivíduo.
• É um dos autores associado ao Cognitivismo-Social, uma teoria da aprendizagem baseada na ideia de que as pessoas aprendem através da observação dos outros e que os processos do pensamento humano são centrais para se compreender a personalidade:
• As pessoas aprendem pela observação dos outros.
• A aprendizagem é um processo interno que pode ou não alterar o comportamento.
• As pessoas comportam-se de determinadas maneiras para atingir os seus objectivos.
• O comportamento é auto-dirigido (por oposição a determinado pelo ambiente)
• O reforço e a punição têm efeitos indirectos e impredizíveis tanto no comportamento como na aprendizagem.
• Os adultos (pais, educadores, professores) têm um papel importante como modelos no processo de aprendizagem da criança.


Urie Bronfenbrenner (1917 – presente)

• Um dos grandes autores que desenvolveu a Abordagem Ecológica do Desenvolvimento Humano: o sujeito desenvolve-se em contexto, em 4 níveis dinâmicos – a pessoas, o processo, o contexto, o tempo.
• A sua proposta difere da da Psicologia Científica até então (70’s): privilegia os aspectos saudáveis do desenvolvimento, os estudos realizados em ambientes naturais e a análise da participação da pessoa focalizada no maior nº possível de ambientes e em contacto com diferentes pessoas.
• Bronfenbrenner explicita a necessidade dos pesquisadores estarem atentos à diversidade que caracteriza o homem – os seus processos psicológicos, a sua participação dinâmica nos ambientes, as suas características pessoais e a sua construção histórico-sócio-cultural.
• Define o desenvolvimento humano como “o conjunto de processos através dos quais as particularidades da pessoa e do ambiente interagem para produzir constância e mudança nas características da pessoa no curso de sua vida" (Bronfenbrenner, 1989, p.191).
• A Abordagem Ecológica do Desenvolvimento privilegia estudos longitudinais, com destaque para instrumentos que viabilizem a descrição e compreensão dos sistemas da maneira mais contextualizada possível.

Bronfenbrenner - Abordagem Ecológica do Desenvolvimento Humano: o sujeito desenvolve-se em contexto, em 4 níveis dinâmicos – a pessoas, o processo, o contexto, o tempo.


Arnold Gesell (1880-1961)

• Psicólogo Americano que se especializou na área do desenvolvimento infantil. Os seus primeiros trabalhos visaram o estudo do atraso mental nas crianças, mas cedo percebeu que é necessária a compreensão do desenvolvimento normal para se compreender um desenvolvimento anormal.
• Foi pioneiro na sua metodologia de observação e medição do comportamento e, portanto, foi dos primeiros a implementar o estudo quantitativo do desenvolvimento humano, do nascimento até à adolescência.
• Realizou uma descrição detalhada e total do desenvolvimento da criança; realça, com base em pesquisas rigorosas e sistemáticas, o papel do processo de maturação no desenvolvimento.
• Gesell e colaboradores caracterizaram o desenvolvimento segundo quatro dimensões da conduta: motora, verbal, adaptativa e social. Nesta perspectiva cabe um papel decisivo às maturações nervosa, muscular e hormonal no processo de desenvolvimento.
• Desenvolveu, a partir dos seus resultados, escalas para avaliação do desenvolvimento e inteligência.
• Inaugurou o uso da fotografia e da observação através de espelhos de um só sentido como ferramentas de investigação
Por Monique Beltrão.

UMA NOVA DIMENSÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Chafic Jbeili

Há pelo menos cinco anos venho observando e curiosamente estudando o funcionamento dos cursos à distância. Desde o primeiro contato com o ambiente virtual de aprendizagem – AVA percebi que se tratava de algo revolucionário. Entretanto, o Ensino à Distância não é novidade. Desde que surgiu a escrita, o sistema de Educação à Distância – EAD foi oportunizado, tendo como sua primeira tecnologia o livro, pois possibilitava que o aprendente extendesse o acesso à matéria além do ambiente de sala de aula.
Há pouco mais de cem anos os cursos à distância eram oportunizados via correios, pelos institutos tradicionais e muito conhecidos nesse segmento. Com a chegada do computador, novas ferramentas e recursos foram sendo utilizados na realização dos módulos à distância até que a internet revolucionou os sistemas e os métodos de ensino, oportunizando o acesso de um número cada vez maior de pessoas à uma variedade enorme de cursos
Desde cursos livres, passando pela graduação e até pós-graduação a educação e a aprendizagem ganham espaço no mundo virtual. Há, porém, que se atentar para a idoneidade das instituições que oferecem cursos de graduação reconhecidos pelo MEC. Portanto, cheque bem antes de se inscrever, pois as novidades tecnológicas devem facilitar o seu dia-a-dia e não trazer mais problemas e aborrecimentos “à distância”.
Interessante pensar que o termo “à distância” deve ser reconsiderado, pois a distância é relativa. Se você está em uma cidade, estado ou país diferente daquele em que a instituição que oferece o curso tem sua sede, então pode-se considerar realmente que é um curso à distância. No entanto, se a escola a Unidade de Ensino é um site, então não se pode dizer que está “distante”. Além disso, o fato de se estar em atividade síncrona (ao mesmo tempo) nulifica o sentido de distância, pois esta passa a se referir meramente ao sentido físico de espaço e não de tempo. A interner separou espaço e tempo.
Ninguém diz que está vendo televisão à distância, ou ouvindo rádio à distância e não deveria também se referir a um ambiente de aprendizagem como “curso à distância”. O professor é tão ou mais presente quanto o apresentador da TV ou o locutor do rádio, com a vantagem de oferecer interatividade em tempo real, ou seja, ensinante e aprendente se falam e se vêem simultaneamente e de forma síncrona, tornando irrelevante o ambiente físico em que cada um se encontra. Há pessoas que estão lado a lado em um mesmo ambiente físico, mas podem se sentir distantes uma da outra e, por isso, incomunicáveis em todos os sentidos.
Algumas das vantagens do Ambiente Virtual de Aprendizagem é que o aprendente pode se organizar de acordo com suas tarefas, interesses e necessidades. O AVA possibilita a distribuição do conhecimento em larga escala, otimizando tempo de locomoção (casa ou trabalho para a escola) reduzindo custos com transporte.
O AVA é ecologicamente correto, pois dispensa o uso de papel e assim reduz a necessidade de corte de árvores para o processamento da celulose. A interação entre ensinante e aprendente, bem como entre aprendente e aprendente pode ser tão mais intensa e frequente quanto mais simples também, otimizando os resultados da aprendizagem.
Os recursos didático-pedagógicos são mais amplos do que em sala de aula, pois permitem produção, publicação e divulgação de textos quase que instantaneamente. Há troca de imagens com voz, por meio dos video-papos onde se consegue reunir, ao vivo, um grupo considerável de pessoas. Tal recruso não deixa nada a desejar se comparado a uma sala de aula tradicional.
Além dessas vantagens, há também os eventos assíncronos, como participação em fóruns, exposição de avisos e recados em murais virtuais, espaços também conhecidos em AVA como “café”, facilitando de forma exponencial a produção intelectual colaborativa e, assim, cada pessoa, quer seja aprendente ou ensinante tem mais facilidade em dar o seu feedback e adquirir conhecimento.
A modalidade de Ensino à Distância, bem como o Ambiente Virtual de Aprendizagem podem ser considerados como um mundo de possibilidades para a nova educação, que atualmente cresce vertiginosamente no Brasil e em todo o mundo. Ao separar tempo e espaço, oportuniza ao homem o ingresso em uma nova e fascinante dimensão no processo ensino-aprendizagem.

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Chafic Jbeili - Especialista em Psicopedagogia Clínica pela FACETEN/RR; psicanalista clínico pelo Instituto IMPAR; autor do livro Superando o Desânimo; membro fundador da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática do Distrito Federal; professor convidado dos cursos de pós-graduação em Psicopedagogia e Docência do Ensino Superior do Instituto Educacional Multidisciplinar de Brasília - IMPAR. Tutor e Autor do EducEAD- Cursos a Distância.

Refletindo sobre a diversidade e a força de lei.... Talentos!

“Um determinado Estado da Federação proibiu por força de lei a exibição e produção de videos, games, filmes e material educativo criado para o publico jovem (crianças e adolescentes) que fizesse alusão a violência e sexo”.


Existe a diversidade de olhares e a diversidade de saberes, desta forma, consigo perceber que cada um é importante dentre suas idéias e filosofias, marcando espaço num terreno que lhe é próprio. Deste modo, para este Estado da Federação, entende-se que seus governantes zelosos e cuidadosos são legitimados a atentarem para este tipo de exclusão, a fim de conseguir limitar sua visão e interesses e preservar a comunhão entre família, população e ordem pública, impedindo o uso de tais produtos com tais conteúdos. Concordo. Acredito que em muitos lugares hoje o que falta é a limitação de uma efetiva legislação que coordene a idéia de prazer com dever e que ambos ainda perpassem por limites e respeito. Nem só de pontos assim se vive uma sociedade. Estamos a mercê de um público de jovens terrivelmente mal educados, indignos e ainda violentos por conta de não limitá-los nem tão pouco dar a eles a informação que lhes cabe de acordo com suas limitações, idade, maturidade e famílias. Falta respeito para com as questões sociais levadas a esse público jovem e mais comprometimento dessas pessoas em conseguirem diversificar esse olhar para um futuro melhor e mais atraente para as suas condições de vida. Desta forma, cada indivíduo preparado ou não deve estar com a mesma condição de cuidado dos governantes que conseguem repassar esses cuidados sociais para a vida moral de cada uma dessas pessoas, respeitando o seu passado e dando condições de viver um melhor futuro com um melhor olhar. Sendo assim, cada um deve ser atencioso com suas vocações e meio social, impedindo o reforço da violência a partir de uma visão acadêmica desnecessária e maliciosa que não conduz a equidade, mas ao tratamento igualitário que não amadurece e nem educa, mas com certeza traz prejuízos. A proibição por meu olhar é pertinente e faz jus ao resultado social que temos alcançado infeliz e de derrota dos jovens de hoje no decorrer do que ocorreu ontem. Sejamos mais cuidadosos com as nossas crianças e jovens futuros do amanhã. Sejamos felizes!
Por Monique Beltrão.