segunda-feira, 14 de julho de 2014

Resumo do capítulo 4: A pedagogia de projetos como prática pedagógica do ensino fundamental, livro (Investindo Na Pedagogia Com Projetos Visão Acadêmica). Autora: Monique Ferreira Monteiro Beltrão.


* Por : Giovanni Souza Tavares. 
A pedagogia de projetos como prática pedagógica do ensino fundamental.
Neste capítulo, Beltrão aborda a relação pedagógica entre professor e aluno, estabelecida nas séries iniciais do ensino fundamental brasileiro, compreendendo o ser humano que educa e é educado, tendo a visão existencial-humanista e a perspectiva fenomenológica como linhas orientadoras dessa reflexão, trabalhando duas realidades que se apresentam de forma diferentes: a prática pedagógica na linha tradicional, com vínculos de dependência  e a pedagogia de projetos com vínculos libertadores.
A ideologia capitalista e neoliberalista do nosso pais atingem a concretização da prática educacional no ambiente da sala de aula. Assim, o modo de pensar e existir do par pedagógico são influenciados por regra que constitui o professor e o aluno-padrão. Esta construção tem refletido em nossas escolas que, com dificuldade, têm percebido a importância de ser questionadora e reconstrutora da sua historia, a de seus professores e alunos. Considerando que o construtivismo, a filosofia e a pedagogia de projetos são os três pilares da prática pedagógica para o ensino fundamental. Destacando John Dewey como iniciador da pedagogia de projetos no século xx, dando ênfase a meta, “agir com uma meta, é agir inteligentemente”. Defende ainda que, a educação é uma permanente organização ou reconstrução da experiência que, sendo um processo ativo, será sempre completado pelos períodos subseqüentes.
Destaca-se também William Heard Kilpatrick, considerado um dos mais destacados pedagogos contemporâneos, resume em sete itens os princípios básicos da sua teoria: aceitarmos a democracia como o fundamento da ação social; na educação, nos interessa desenvolver primeiramente personalidades: a vida, o mundo dos afazeres, desenvolve-se numa nova forma; cultura é o principal fator controlador para determinar como viverá um grupo qualquer; psicologicamente aprendemos o que vivemos; o aprender se realiza melhor quando a vida se baseia numa atividade com sentido e com entusiasmo.
Kilpatrik criou uma pedagogia a qual chamou de método de projetos, cuja finalidade era globalizar o ensino mediante atividades manuais. O projeto como método didático era uma atividade intencionada que consistia em os próprios alunos fazerem algo num ambiente natural, integrando ou globalizando o ensino. Através, por exemplo, da construção de uma casinha de coelhos, poderiam ser ministrados vários ensinamentos: geometria, desenho, cálculo, história natural, etc.
No ano de 1910, Rufus W. Stimson, iniciou uma campanha através da qual a idéia de projeto se tornaria familiar no campo da agricultura a milhares de professores e alunos. Assim, os projetos passaram a ser percebidos como “o” método de educação progressista, cumpridor das demandas de uma nova psicologia educacional segundo a qual as crianças, ao invés de passivamente entupidas de conhecimentos, deviam ser envolvidas em situações de aprendizagem aplicadas, a fim de desenvolver iniciativas, criatividade e capacidade de julgamento. Em 1918 Kilpatrik publicou o livro “The Project Method”, que colocava a motivação no centro do projeto, dividida em quatro partes: intenção, preparação, execução e apreciação. Já no final dos anos de 1960, os projetos passaram a ser adotados como alternativa aos formatos convencionais de aula e seminário, tendo a seu favor aspectos como valorização da investigação, relevância prática e sustentação social. A partir desse período a idéia de projetos passa a se levada da universidade para a escola e da Europa para resto do mundo.
A apropriação desses conceitos deu-se com a adoção mesclada das idéias de “educação para a democracia”, de Dewey, e de “ação intencional sincera”, de Kilpatrik. O país experimentou uma verdadeira era de euforia de projetos, que deu lugar, a partir de 1980, a esforços de humanização entre o trabalho com projetos e métodos mais convencionais do ensino.
Os dois tipos básicos de projetos até hoje adotados baseia-se no lema, “Da construção à construção” e no conceito de “ aprendizagem natural e social”, decorrentes do trabalhos de Woodward e Richard, do final do século XIX. 
Os subseqüentes trabalhos de Dewey e Kilpatrik geraram um conceito estrito e um amplo: o primeiro insistiu na categorização como atividade responsável, enquanto o segundo propagou o conceito de atividade intencional. O conceito de Kilpatrik teve aceitação apenas fora dos EUA e hoje, tem-se situação paradoxal, prevalece na Europa o modelo americano e nos Estados Unidos o modelo europeu.
Celso Antunes defende que, é preciso que saiamos desse nosso mundo de amarras que muitas das vezes nos impede de ser verdadeiros educadores e buscar o novo. Nossa vida é feita de projetos e é assim que conseguimos realizar tantas coisas. Segundo Antunes, projeto é uma pesquisa ou investigação desenvolvida em profundidade sobre um tema ou tópico que se acredita ser interessante, o centro do projeto é a presença de um esforço investigativo, voltado para encontrar respostas convincentes,levantadas sejam por professores, alunos e a comunidade escolar. O objetivo do projeto é aprender de maneira significativa.  
Trabalhando com projetos dentro da escola, pode transformar o aluno em descobridor de significados, oferecendo-lhe a oportunidade de usar na prática suas habilidades operatórias, socializando o aluno e permitindo que suas dificuldades possam ser superadas em grupo, mostrando-o que ele pode ir além de um livro didático, que os saberes não são restritos. O professor tem um papel importante de um projeto, cabendo-lhe colocar a disposição dos alunos materiais como: livros, revistas, fotocópias, subsídios para que o aluno inicie sua pesquisa. É apresentado ao aluno uma gama de oportunidades. O professor deve colocar-se como o fazedor de perguntas, ele deve iniciar no seu aluno os desafios da pesquisa, deve permitir aos seus alunos buscar temas que são essenciais dentro da proposta pedagógica.
A palavra projeto significa plano geral de construção para realizar qualquer ato, intento de fazer alguma coisa e está baseado na participação. Os projetos iniciativas diversificadas a partir do conhecimento e questionamento da realidade, o que gera o aprendizado de conceitos e de valores, o que gera o aprendizado de conceitos e de valores.
Os projetos devem conter: Diagnostico; objetivos; estratégias; levantamentos de dados e de hipóteses práticas; e avaliação.
Os projetos devem: ser coerentes com os diagnósticos e objetivos; prever ações que assegurem mudanças; e apresentar cronograma detalhado de atividades.
Ciclo do projeto:
  1.  Diagnostico- levantamento dos problemas existentes na escola e na comunidade;
  2.  Idéia do projeto- a idéia nasce do diagnostico, do levantamento dos problemas da escola, educador, educando, família, comunidade;
  3.  Políticas pedagógicas que se condensam em estratégias ou programas semanais, mensais, bimestrais, semestrais, anuais- de acordo com o planejamento escolar;
  4.   Utilização de recursos que encontram desaproveitados ou não usados; a complementação de outras ações, sendo necessário definir: para quem? por quê? recursos?  onde ? duração, critérios e alternativas.

A elaboração do planejamento do projeto é muito importante, pois, propicia a busca da maximização dos resultados trazendo benefícios para a escola toda: os envolvidos sabem aonde quer chegar; todos sabem o porquê do caminho escolhido; estimula o crescimento individual e coletivo; integra a escola com a comunidade; utiliza e valoriza os envolvidos (professores, alunos e comunidade); profissionaliza a escola. O planejamento dar condições para se alcançar os objetivos desejados, ele não é receita de bolo, ou seja, não vem pronto.
Após a conclusão do planejamento será necessário desenvolver os planos estratégicos. Estes poderão ser periodicamente revistos; ser compatíveis com as tendências atuais; aproveitar os profissionais que atuam na escola; resolver problemas; desenvolver as habilidades e competências dos educando e educadores, sabendo que o conhecimento é uma constante construção coletiva; desenvolver o trabalho em equipe; promover debates, discussões e questionamentos. A escola para manter-se viva precisará adaptar à realidade presente, sendo necessário fazer alguns questionamentos nas reuniões do projeto, como: quais os problemas que afetam nossa escola? Qual a sua imagem, interna ou externa e quais são possíveis de serem solucionados? Qual a natureza desses problemas? Quais fogem do alcance da escola? Os alunos têm mesmo algum interesse?
É necessário também questionar as divergências culturais dos alunos e dos professores, é fundamental para que não desprezarmos o potencial do jovem.
A escola precisa se atualizar, compreender a linguagem dos jovens, podendo enfrentar o futuro. Dessa forma, estar contextualizado, ou seja, ter uma visão clara do macro-ambiente é um passo para a busca e possível encontro de caminhos que possibilitem avanço na qualidade e eficácia da educação como um todo.
É importante analisar os ambientes internos e externos, pois, eles afetam diretamente e indiretamente a escola e permitem: Prever, planejar, organizar, executar e avaliar.
Uma escola equilibrada consegue realizar o impossível se contar com uma equipe motivada, tendo visões claras e precisas da realidade dos universos: cultural, econômico, político, dinâmico, enfim, de toda a comunidade escolar.
 A escola é uma instituição social que possui valores e crenças, o que determina normas e regras de comportamentos. Os valores formam a coluna da escola, e a comunidade escolar, traz influencias próprias que repercutem nas crenças e valores da escola, deixando claro dessa forma, sua cultura. Seus objetivos devem estar definidos de acordo com os seus valores e sua missão. Após analisar os ambientes internos e externos da escola faz-se necessário elaborar planos de intervenções preventivos ou corretivos. Questionamentos, discussões, debates fazem parte desse momento. Os projetos quando são devidamente planejados levam a situações inesperadas, inovadoras, que promoverão a adaptação e reformulação dos seus participantes, pois, durante o percurso haver deficiências da equipe, será promovido  a integração de objetivos, espírito de busca, etc, despertando entusiasmo, motivação através de desenvolvimento de novos conhecimentos, modificando hábitos enraizados, inadequados. Sendo necessário repensar a escola e seu sistema administrativo-pedagógico para adequá-la aos novos tempos, às novas exigências.
O planejamento de projetos potencializa mudanças, quebrando paradigmas, crenças antigas e velhos padrões. Promovendo questionamentos, reavaliação, transformação frente a investigação do novo. É um processo infinito de reconstrução, sendo um mapa de orientação, não garantindo um caminho reto e seguro desprovido de acidente e surpresas.
Uma nova pratica pedagógica faz da avaliação uma constante que permeia todo o processo. A atual prática pedagógica exige que uma nova visão de avaliação na qual os resultados sejam avaliados periodicamente para que seja possível rever planos e corrigir possíveis desvios. Sendo necessário seguir critérios e vivendo de improvisações.
Os projetos transformam a avaliação em um processo continuo e complexo com atividades vinculadas à realidade cotidiana da sala de aula. Assim a avaliação deve ser realizada com estabelecimento de critérios claros e precisos; acompanhamento de todo o processo, de toda a produção dos alunos; analisando as produções dos professores; fazendo a auto-avaliação do processo. Deve: apresentar atividades contextualizadas; abordar problemas complexos; utilizar todos os recursos possíveis; contribuir no desenvolvimento das competências; apresentar suas exigências antes da avaliação; ser considerada a colaboração em duplas e grupos; considerar as estratégias cognitivas dos alunos; respeitar as aptidões dos alunos e suas concepções prévias; considerar o erro como parte do processo; considerar aquisição de conceitos, procedimentos e atividades.   
      

         
*Trabalho apresentado pelo aluno   Giovanni Souza Tavares, na Faculdade de Estudos Aplicados de Viana - FESAV, para a Disciplina Estrutura Curricular e Projeto Pedagógico.Tendo como Professora a autora do livro citado; Monique Ferreira Monteiro Beltrão.