segunda-feira, 17 de julho de 2017

Escola de Pais: Um projeto para as famílias.




*Monique Ferreira Monteiro Beltrão.

RESUMO
A escola de pais é um instrumento que permite reafirmar e reprogramar as funções dos pais e da escola no desenvolvimento dos filhos/alunos e orientá-los a partir dos conhecimentos fornecidos e vivenciados através dos vários encontros. Será necessário compreender a instituição familiar, por ser a primeira célula social do ser humano, responsável por suas primeiras interações no mundo. A escola é quem fornece continuidade a esse processo educativo, porém, de modo formal, com conteúdos organizados e sistematizados, visando ao desenvolvimento do cidadão. Atualmente, as complexas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais, decorrentes do impacto tecnológico provocaram diversas mudanças na dinâmica familiar e estas são trazidas ao ambiente escolar. A fim de proporcionar uma melhora nestas relações entre escola e família, surge a necessidade de esses educadores conhecerem o desenvolvimento humano – as necessidades e as dificuldades de cada faixa etária. Deveremos esclarecer a respeito das  dificuldades no espaço escolar, proporcionando um meio de reflexão às questões difíceis em termos de relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos. Os resultados alcançados conseguirão atingir os objetivos, pois toda transformação quando almejada e estruturada é capaz de anunciar soluções eficazes e efetivas, mesmo que seja em uma pequena população, a iniciar pela Escola.

Palavras Chave: Pais, Escola e Participação.

INTRODUÇÃO
A escola de pais é um tema atual, relevante e importante, pois a família, por ser a primeira forma de socialização do indivíduo, contribuirá para que haja excelência na aprendizagem de todos e maior autonomia da criança, jovem. Com este trabalho é possível orientar e informar os pais dos alunos, a fim de que filhos/alunos possam desenvolver efetiva aprendizagem. Além de contemplar a interação entre a família e a escola.

Segundo Domingues (1998, p. 68)

“a escola é o lugar privilegiado que permite o acesso aos produtos da cultura humana”

É no espaço escolar, que se pode realizar as profundas ações do saber e a partir dos conhecimentos fornecidos pela Pedagogia pôde-se entender o desenvolvimento humano, a importância da família e da escola, questões de identidade, as relações criança-adulto, criança-criança e educador-pais. A escola é o espaço central deste trabalho e o principal objeto de pesquisa, que ameniza o espaço escolar. Este estudo e trabalho nos ajuda a crescer e a fazer alguém crescer.

Desde os primórdios, a família apresenta-se como a primeira célula social responsável por apresentar o mundo à criança, por ser o primeiro centro de convivência conjunta, sendo sua principal incumbência a tarefa de formar, de apresentar, enfim, de educar.  

A família, apresenta um papel importante no desenvolvimento do filho, pois é o primeiro grupo social do ser humano, responsável por suas primeiras interações no mundo. No entanto, Guzzo (1990, p. 135) afirma que:

 “a família tem delegado cada vez mais às escolas, a tarefa de formar, esperam respostas aos seus problemas e buscam soluções junto aos elementos da escola”.

Diante desta situação, quais são as possíveis contribuições que os profissionais da área de Pedagogia podem oferecer? Já que este cenário é uma problemática que vem contaminando, cada vez mais, diversas escolas brasileiras, fazendo com que os alunos tenham dificuldade em desenvolver o interesse pela aprendizagem na sala de aula, principalmente pela leitura e escrita, sendo estes, recursos indispensáveis na construção do pensamento crítico, onde o jovem torna-se cidadão de verdade e pode expressar sua cidadania de fato e com veracidade da sua vivência e juventude.

Estas complexas mudanças nos quadros sociais, político, econômico e cultural influenciam diretamente a dinâmica da vida familiar, já que o modelo de família nuclear vem sendo substituído por uma drástica diminuição no número de integrantes da família, sendo esta, hoje em dia, ora como unipessoal, ora chefiada por mulheres, “necessitando de inúmeros arranjos para a criação de seus filhos”, deste modo, as crianças ficam sem o respaldo familiar e o ajuste necessário advindo da família para acrescentar ao seu comportamento social e conduta para a escola.

Este contexto tem influenciado diretamente na estrutura e organização da família e da comunidade. Com isso, a família tem delegado sua responsabilidade de formar e educar às escolas; seja por insegurança, por falta de disponibilidade ou interesse, os pais estão furtando-se de contatos mais planejados com seus filhos, ausentando-se do “diálogo, da disponibilidade e da solidariedade, os quais garantiam vínculos mais eficazes para a formação do desenvolvimento intelectual e para a resolução de conflitos”; assumindo uma posição passiva perante a educação dos filhos (GUZZO, 1990, p. 135).

A família e a escola devem apresentar objetivos comuns e integrados, capazes de desenvolverem a aliança educacional. Desta forma, estará contribuindo na possível formação de uma identidade saudável do aluno, visto que a incumbência primária da escola é desenvolver a competência intelectual, formando o aluno para a profissionalização e ao exercício da cidadania; enquanto a família tem por finalidade assegurar o desenvolvimento das diversas habilidades humanas. Formando gente para o mundo.

Guzzo (1990, p. 135) acredita que:

 “o envolvimento de pais em programas educacionais de suas crianças vem sendo considerado como uma variável relevante e facilitadora do desenvolvimento infantil”.

O desenvolvimento, por sua vez, ocasiona mudanças físicas, neurológicas, cognitivas, afetivas e comportamentais que ocorrem de maneira ordenada e são relativamente duradouras, por conseguinte, os fatores ambientais em consonância aos fatores biológicos influenciam diretamente no comportamento infantil. Portanto, o ambiente: seja familiar ou escolar, interfere ativamente na qualidade do processo de aprendizagem do aluno.

Este tipo de envolvimento é capaz de maximizar o trabalho realizado pelos pais e professores, podendo gerar comportamentos adequados em relação ao exercício de algumas de suas atribuições e uma maior sensibilização em relação à importância do papel a eles designado pela sociedade. Em vista disso, a Escola de Pais parte da premissa bibliográfica para ir ao encontro da realidade educacional, para melhorá-la e afiná-la junto com suas pretensões e ações para melhor convivência social.

Organizamos em quatro partes. A primeira retrata os procedimentos metodológicos utilizados para a elaboração dessa pesquisa, apontando o material, os instrumentos, a abordagem metodológica, a caracterização da Unidade Escolar contemplada com a realização desse trabalho frente a comunidade, a delimitação do público-alvo, o reconhecimento das dificuldades escolares, o meio de reflexão utilizado para discutir as questões difíceis em termos de relacionamento da escola e a forma de integração dos pais no âmbito escolar dos filhos. Já na segunda parte será  possível esclarecer os resultados encontrados com a realização desse trabalho e logo após, na terceira parte promovemos a discussão dos resultados com a reflexão e os estudos de casos diversos com as soluções fatídicas e necessárias para a construção de um novo olhar social sobre a criança, jovem e aluno.

Mediante esta discussão relatamos a importância deste estudo e o objeto/problema de análise, que são as jovens, crianças e alunos e sua formal convivência e adequação com o grupo e suas diferenças e formalidades advindas da casa e das suas vivências cotidianas.

Na quarta parte, proporcionar um meio de reflexão as questões difíceis em termos de relacionamento da escola com a família e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, nossos alunos.

OBJETIVOS

Geral:

Reconhecer as dificuldades no espaço escolar, proporcionando um meio de reflexão às questões nevrálgicas em termos de relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos cotidianamente e através das reflexões e ações pertinentes ao bom andamento social deste aluno e filho.

Específicos:

- Integrar escola e família,

-Estimular a família a acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno,

-Dotar a família de conhecimentos teóricos - práticos capazes de subsidiar o acompanhamento escolar do aluno,

-Envolver os pais em atividades de aprendizagem em casa,

-Levar a família a compreender melhor o desenvolvimento da criança e do adolescente,

-Desenvolver afetividade,

-Conscientizar os pais de seu papel de educadores,

-Aproximar a família da escola.

Público Alvo:

Pais e/ou Responsáveis. Professores.

Cronograma:

Durante todo o ano letivo

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para efetivo desenvolvimento do projeto Escola de pais se faz necessário planejar cada parte. Totalizando, o planejamento envolveu quatro momentos decisivos:

 1) escolher o material e os instrumentos do trabalho;

2) fundamentar a abordagem metodológica,

3) eleger a unidade escolar, caracterizá-la , delimitar o público-alvo e assim, reconhecer as dificuldades no espaço escolar

4) proporcionar um meio de reflexão as questões nevrálgicas em termos de relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, dialogando a respeito dos fazeres e pontuando questões significativas para o bem estar pedagógico e familiar.

2.1 Primeira etapa: Relatar os procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho, frente a comunidade e público alvo.

Os assuntos pertinentes e levantados neste trabalho foram coletados a partir de diversas fontes, relatos de professores, reuniões específicas e sistemáticas com o grupo de professores e nas reuniões de pais. O convívio e acompanhamento diário das crianças mostra exatamente o que temos, o que precisamos e onde poderemos chegar com elas e as famílias. Os registros escolares também foram nosso alvo. , os quais compõem a cultura da instituição, como documentos (Regimento Escolar e Proposta Político Pedagógica), diários de classe de professores e livro de ocorrência e de reuniões pedagógicas. Conteúdos abordados, tendo em vista o caráter científico e que possam ser desenvolvidos na prática, junto com cada dia, passo a passo.

Os instrumentos que subsidiaram este projeto também partiram de : observação e conversas aberta. Esses recursos foram utilizados como elementos norteadores do meio de reflexão proporcionado ao tripé educacional (pais, filhos e professores). Entende-se que a observação é muito importante nesse contexto, já que muitas vezes, os conteúdos dos documentos legais da escola e as falas dos profissionais pertencentes a esta instituição possam explicar diversas situações, porém, nem sempre são aplicados na prática de modo efetivo.

Serão observados: o funcionamento da escola, sua organização e as relações entre professor-alunos-pais-direção-comunidade. Acontecendo desde a entrada até a saída das crianças/alunos.

2.2  Segunda etapa: Fundamentar a abordagem metodológica.

Para nortear este trabalho será utilizado como método de abordagem a metodologia, uma vez que por meio deste instrumento foi possível explorar os aspectos subjetivos dos pais, principalmente suas histórias de vida. Afinal, ao compreender suas próprias experiências foram capazes de entender efetivamente as experiências do outro, já que “o homem sonha-se a si mesmo e, assim, inventa-se sempre outro”; favorecendo, portanto, na assimilação dos conhecimentos a serem emitidos acerca do desenvolvimento humano e seus professores.

 “O método da explicação e do conhecimento específico, permite que o indivíduo reconheça de forma consciente as etapas processuais pelas quais passou e de que forma as absorveu para si [...]”. Desta forma, os sujeitos envolvidos neste trabalho foram capazes de compreender suas experiências, verificar suas dificuldades e suas facilidades enquanto filhos, para conseguir construir um novo modelo educativo informal, saindo da posição de status quo, ou melhor, dos paradigmas envolvidos na educação de seus pais, para contemplar seus filhos com uma educação mais humana, lúcida e eficaz. Portanto, “o método permite que cada pessoa identifique na sua própria história de vida aquilo que foi realmente formador”

Essa abordagem metodológica dialoga diretamente com o conteúdo abordado no projeto “Escola de pais”, ou seja, a Psicologia do Desenvolvimento.

O próprio termo Psicologia surgiu da junção de duas palavras gregas, o que significa estudo da alma, pois para Platão, discípulo de Sócrates, a alma é o bem mais divino e pessoal de todos os bens humanos [...] Se dirige para o autoconhecimento, para a interioridade, pois conhecendo-se a si mesmo, o homem pode conhecer melhor o mundo (BENITEZ, 2007b, p. 105).

Tanto esse método quanto a Psicologia exploram os conteúdos subjetivos de cada indivíduo, favorecendo melhor assimilação das informações a serem emitidas, pois cada indivíduo reconhece em si aquilo que foi transformador.

Nesta etapa, os pais/responsáveis são colocados a fazerem parte do projeto sendo mediadores das suas práticas e dialogando com o grupo a partir das suas experiências e conversas sobre si, sua forma de educar e a sua própria presença na família.

2.3 Terceira etapa: Eleger a Unidade Escola, delimitação do público-alvo e reconhecimento das dificuldades escolares

A Unidade Escolar contemplada para o desenvolvimento do programa Escola para pais está localizada no município de Vila Velha – E.S. É uma escola ampla, limpa, organizada e valorizada nesta cidade, possui oito salas de aula no andar superior, enquanto no térreo, temos uma sala o pátio, o refeitório, a sala dos professores, da direção, secretaria e alguns banheiros.

É necessário que a escola possua um projeto político pedagógico que exerça a gestão democrática participativa e que seja acolhedor, para que haja o envolvimento de todas as pessoas numa direção unânime e eficaz. Os professores devem possuir a prática de elaborar o seu plano de ensino, direcionando assim a sua disciplina, os seus conteúdos e afazeres.

O projeto institucional atende a comunidade acadêmica e as crianças em suas turmas e por consequência também desencadeia subprojetos personalizados em suas turmas que deverão ser trabalhados e tratados durante todo o ano letivo, contemplando sua vivência em todas as festas da escola, levando os alunos a entenderem o processo acadêmico a partir de um ponto de vista lúdico e prazeroso.

Os pais dos nossos alunos, são os elementos chave para uma melhor adequação e sentido para a vida escolar dos nossos alunos e nossas crianças. Percebemos que partindo deles, focamos mais e melhor no processo de ensino aprendizagem, construindo bons relacionamentos, vivências positivas e encontros pedagógicos proveitosos. Os pais são o nosso apoio e na realidade a mola mestra para o sucesso dos nossos alunos e nossas crianças.

Por meio de vários diálogos e observações realizadas, registrou-se que com as famílias diante da escola, sendo orientadas e ouvidas, as crianças seriam melhores e alcançadas para um futuro melhor. A escola deixa de ser apenas um veículo de conhecimento, mas passa a ser também um ponto de apoio e sucesso para este conhecimento.

2.4 Quarta etapa: proporcionar um meio de reflexão as questões nevrálgicas em termos de relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, dialogando a respeito dos fazeres e pontuando questões significativas para o bem estar pedagógico e familiar.

O meio de reflexão proposto para solucionar a problemática de comportamento indisciplinar dos alunos foi a Escola de pais, pois os professores relatam que “não sabem mais o que fazer”, bem como a direção escolar e o pedagogo. Com esse estudo, acreditam que além de integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, contribuiria numa educação informal mais eficaz.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Desde os primórdios, a família apresenta-se como a primeira célula social responsável por apresentar o mundo à criança, por ser o primeiro centro de convivência conjunta, sendo sua principal incumbência a tarefa de formar, de apresentar, enfim, de educar. Visto que “educar significa promover, assegurar o desenvolvimento de capacidades, tanto físicas quanto intelectuais e morais. E, de uma maneira geral, vem sendo assegurada, como de responsabilidade dos pais”.

É inegável a influência e participação desta instituição no desenvolvimento da criança desde o seu nascimento, portanto, torna-se responsável pela construção da personalidade da mesma. No entanto, esta educação ocorre de modo informal e assistemático em seu processo ensino-aprendizagem. Diante de tantas incumbências, a família é o meio fundamental e precioso na vida de qualquer ser humano.

Já a instituição escolar surge na vida do sujeito com conhecimentos organizados e sistematizados para fornecer continuidade nesse processo educativo, o que permite apontar uma educação formal. Em suas diversas incumbências, a instituição escolar apresenta como uma de suas finalidades principais a orientação de diretrizes capazes de desenvolver o educando enquanto indivíduo apto ao exercício da cidadania, rumo à autonomia e ao pensamento crítico, sendo, portanto, um ser capaz de transformar sua realidade.

Ao entrar em contato com a educação formal, a criança irá ampliar sua rede de contato social, bem como a percepção de mundo e desenvolver suas potencialidades intelectuais, morais e lapidar seus afetos. Para tanto, a escola tem como desafio descobrir o momento exato da aprendizagem, por meio de estratégias, ideias, atitudes, enfim, relevar em sua ação pedagógica que aprender é uma atividade cognitiva e social, portanto abarca trocas afetivas inter-psiquícas. Logo, o sucesso da prática pedagógica envolve a compreensão da ação de todos os sujeitos envolvidos internamente quanto externamente, ampliando e favorecendo a construção de conhecimento na escola.

Nesse sentido, o processo de aprendizagem e suas interações com o ensino têm sido alvo de inúmeros estudos e avanços das mais variadas áreas em busca de sua compreensão, por meio de contextualizações acerca das relações sociais estabelecidas na comunidade escolar.

É no espaço escolar, portanto, que se podem realizar as fecundas ações do conhecer, instrumentalizar-se, cada vez mais, e quebrar a resistência a difusão do conhecimento. Por isso, o projeto Escola de pais, foi realizado no âmbito escolar.

Tendo em vista essa aliança e os efeitos benéficos que a mesma produz a aprendizagem dos alunos, retratamos que a inserção dos pais na vida escolar dos filhos, provoca excelentes resultados na aprendizagem, pois o envolvimento deles nos programas educacionais dos filhos, tem sido considerado uma variável relevante e facilitadora do desenvolvimento infantil. Cientistas do comportamento humano revelam que este envolvimento, “produziu melhorias acadêmicas das crianças, melhorou a qualidade das relações interpessoais entre pais e filhos e aumentou a eficiência dos programas educacionais”, resultando na melhoria da coesão familiar e enriquecimento de suas relações (GUZZO, 1990, p. 135).

Percebemos que as dificuldades dos alunos estão reveladas pelas formas de relacionamentos observadas, tanto na expressão verbal e não verbal quanto em atitudes específicas para com os professores, bem como com a direção. Estas dificuldades de relacionamento também são expostas pelos seus pais perante o mesmo público (professores e a direção), pois quando procurados, nas reuniões de pais, para resolverem as questões do comportamento indisciplinar dos filhos se mobilizam e não resolvem: choram, expressam sensibilidade negativa, se irritam, se culpabilizam, ou ao professor ou à direção. É nítida a dificuldade e a incapacidade que tanto a escola quanto a família possuem para resolverem este problema de relacionamentos. É devido a esta dificuldade e incapacidade que surgiu uma solução: o desenvolvimento do projeto Escola de pais, visando reconhecer as dificuldades dos alunos e crianças, em termos de seus relacionamentos com os professores, colegas e autoridade, bem como reconhecer suas dificuldades e de suas famílias na criação e dia a dia em casa. Reconhecer estas dificuldades é o ponto alto do trabalho, proporcionando um meio de reflexão acerca das questões polêmicas em termos do relacionamento na escola, a partir dos conhecimentos fornecidos por causa da história. E, como resultado, integrar os pais no âmbito escolar dos filhos, buscando melhores condições de relacionamento a partir de encontros permanentes com os mesmos.

Inicialmente, a ideia do trabalho servirá para elevar a qualidade dos relacionamentos entre: alunos, professores e pais, já nos traz alívio e boas perspectivas futurísticas para a escola. Por isso, o público-alvo do programa de estudos são os pais. O desenvolvimento do projeto totalizará cinco encontros sistematizados no ano, constando uma hora e vinte minutos cada um aproximadamente.

Para tanto, os pais serão convidados por meio da reunião pedagógica promovida na escola e receberam orientações sobre o projeto Escola.

Planejamos cinco encontros iniciais como forma de intervenção e conhecimento para todos de todo o processo. Precisamos conhecer os pais, mães, responsáveis e as famílias, para iniciarmos todo o processo.

Um ponto importante que cabe ressaltar é a aliança entre família-escola. Verifica-se que muitas escolas atualmente, ainda apresentam uma postura remota de funcionamento, pois conforme Nogueira (1998) apresenta em seus estudos, antigamente, as relações entre família e escola eram muito reduzidas, pois os pais não frequentavam a instituição escolar dos filhos com tanta frequência, devido à falta de abertura em relação à escola. Com o tempo, esta relação foi se fortalecendo e tornando-se cada vez mais intensa, visto que a escola apresentava-se como espaço restrito à entrada da família e vice-versa, tanto o âmbito escolar, quanto familiar eram fechados cada um para si. No entanto, este cenário mudou, pois hoje em dia, pais e educadores realizam trocas, ou seja, há uma relação aberta entre ambos os grupos. Assim sendo, será que existe essa abertura em todas as escolas brasileiras? Cabe repensar e analisar quais instituições realmente estão dispostas a mudança.

Outro ponto importante, conforme Guzzo (1990) aponta em sua pesquisa, é que o sistema educacional apresenta algumas carências que são responsáveis pela falência de programas de interação entre família e escola, dentre as insuficiências apontadas pelo sistema é visível a falta de técnicos especializados para promover a integração família-escola de maneira que facilite o desenvolvimento geral dos alunos; a heterogenia de valores, e níveis socioeconômico e cultural de pais e professores, aborta a existência de qualquer iniciativa neste sentido.

Dessa forma, Andrade e Ribeiro (2004) esclarecem que os métodos escolares são insuficientes a realidade brasileira. A escolarização bem sucedida depende do apoio da família, atitudes e intervenções práticas voltadas a sistemática da interação família-escola, por isso os pais devem conhecer a gestão e o currículo escolar. Em outras palavras, Gentile (2006) esclarece que para o sucesso da parceria escola e família, alguns cuidados devem ser tomados tanto em relação à escola como em relação à família, portanto, a família deve conhecer a proposta pedagógica da escola, a escola por sua vez, deve explicar os conteúdos a serem ensinados e informar sobre os projetos didáticos, questionando a contribuição da influencia de cada família na escola. Durante sua rotina, tal instituição deve convidar os pais para organizar eventos, palestras, debates e informá-los a respeito das mudanças na escola. Em algum momento do Projeto Escola de pais, serão ministradas discussões sobre casos oportunos e interessantes que ocorreram nas relações cotidianas. Esses casos devem ter reflexões e motivos para associá-los as relações entre escola e família.

Contudo, ao final do projeto anual “Escola de pais”, pretendemos que todos os participantes consigam identificar e valorizar o programa de estudos e solicitem a continuação do mesmo.

O trabalho realizado por Lima e outros autores (2001) comprovam a eficácia do programa “Escola de pais”, já que relatam resultados excelentes em suas pesquisas. Possui resultados extraordinários, pois os objetivos alcançados mostraram que é possível cumprir o principal objetivo deste trabalho, visto que reconheceu as dificuldades no espaço escolar, proporcionar um meio de reflexão às questões difíceis em termos de relacionamento da escola e integrar os pais no âmbito escolar dos filhos. Em vista disso, a Escola de pais é um programa que alcança os resultados almejados, porém nem sempre é possível aplicar todo o conteúdo planejado na prática. Pois a escola possui movimento e tempos próprios.

A escola precisa aderir ao projeto e não apenas fornecer o espaço e a carga horária. O comprometimento deve ser crucial e importante, a ponto de criar vínculos e novas expectativas para uma construção de um novo olhar sempre novo e com novas possibilidades de reflexão. A escola precisa entender o projeto e agregar valor afetivo, social e educacional.

 Vislumbraremos assim os bons resultados encontrados com este projeto e verificaremos modificações no comportamento e conduta dos pais, os quais deixarão explícitos em todos os encontros sua avaliação e seu entendimento sobre o processo. Os pais precisam se ver de novo na “pele” dos seus filhos nas situações presentes. A escola de pais veio para calçar o que estava em falta na dinâmica escolar, quanto do ponto de vista afetivo, moral e intelectual, e dará certo, pois os participantes manifestarão a importância de estarem num processo de reciclagem/atualização, já que sempre estamos reorganizando e reaprendendo novas formas de ver o mundo, isto significa que enfatizarão a pretensão na mudança de suas condutas, enquanto pais. Concluímos que “quem acredita, sempre alcança”, já que toda mudança quando almejada, planejada e estruturada é capaz de fazer acontecer, provocar e elucidar soluções irradiantes, mesmo que seja em uma pequena população.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O entrelaçamento dos fatos retrata que foi possível emitir as informações sobre o desenvolvimento do sujeito, e provocar a reflexão, o reconhecimento e a interação, num único objetivo: conhecendo melhor a si mesmo, somos capazes de conhecer melhor o mundo e desta forma, proporcionar aos nossos filhos uma educação com mais qualidade, por intermédio da Escola de pais.

Com o trabalho  realizado, pode-se compreender que a Escola de pais se faz necessária tanto durante a educação formal, quanto informal da criança e jovem,, tendo em vista que este tipo de estudo e trabalho, permite que os pais sejam capazes de lidar melhor com seus filhos, compreendendo suas necessidades e dificuldades básicas em cada faixa etária. Assim, o projeto direcionará a um olhar amplo perante o ato de educar. E os professores podem contribuir com a apreciação da interação com o outro, estimulando efetiva troca de subjetividade, deixando de lado uma educação centrada na figura do professor, mas tornando o aluno, sujeito das emoções e dos fazeres.

Após o estudo da organização familiar, Guzzo (1990) nos remete a uma reflexão sobre a compreensão de que, cada vez mais, tal instituição tem dividido a tarefa de educar à escola e esta, por sua vez, muitas vezes, não está conseguindo assumir tal responsabilidade sozinha. Fato constatado por Áries (1975) quando descreve que a família medieval já apresentava este comportamento, e que muitas famílias defendiam a ideia de que a educação era mais eficaz quando ministrada em casa.

Rizzini (2002) apontou alguns fatores que levariam as famílias a delegarem suas responsabilidades de educar à escola, entre estes se pode citar: complexas mudanças nos quadros sociais, políticos, econômicos e culturais, sendo estas: famílias frequentemente chefiadas por mulheres, necessitando de inúmeros arranjos para a criação de seus filhos, pois, neste quadro, pinta-se a entrada cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, que, geralmente, são muito distantes de suas casas, levando as crianças permanecerem mais tempo, sem a presença dos pais. Outro ponto a destacar é: além de a família urbana ser menor, e caracterizada pela alta mobilidade, ela nem sempre tem com quem contar para mediar seus conflitos, e para compartilhar a criação dos filhos.

Desse modo, apontam-se algumas alternativas para o apoio à família, calcado na potencialização de seus papéis, fortalecendo elos familiares e as possíveis redes sociais de apoio, que possam contribuir para a formação, criação e educação de seus filhos.

A Escola de pais chega para minimizar problemas e contrastes sociais, manifestando-se como fonte de abrigo e de contato entre a escola, suas necessidades e os pais e suas famílias. Colabora para a formação de um elo e proporciona parceria e aconchego. Favorecendo a vida do sujeito nas suas relações cotidianas e vivências e aprendizagens.

Concluímos que, mesmo diante das diversas problemáticas, a Escola de pais aparece como recuso indispensável na integração entre a escola e a família, repaginando esta interação, pois os pais tendo orientações sobre o desenvolvimento do filho conseguirão compreender suas necessidades e dificuldades em cada etapa, possibilitando a construção de uma identidade saudável e completa ao mesmo tempo. Esperamos concretizar este projeto em toda Escola para que pelo menos alguns dos problemas entre os relacionamentos sejam sanados. Aguardamos respaldo.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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*Monique Ferreira Monteiro Beltrão – Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Direito Educacional, Mestra em Educação e Psicologia e Doutora em Educação. Autora de Livros. Pedagoga Escolar, Professora Universitária e Consultora Pedagógica.